quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Os anos 30

O constitucionalista Gomes Canotilho advoga que os tempos que vivemos justificam excepções ao respeito pela Constituição. Jacques Delors, que vem do tempo em que a Europa ainda tinha políticos com visão, avisa que "O clima não é bom e lembra os anos 1930. Nacionalismo exacerbado, populismo agressivo, o medo da globalização, tudo isso põe em causa o contrato de casamento europeu”. Em tempos de crise profunda, é praticamente possível ouvir de tudo. A diferença, nestes casos, é que enquanto uns estão dispostos a rasgar princípios e garantias, em troco não se sabe bem de quê, outros alertam para os perigoso caminho que a Europa percorre. 

 Os políticos europeus continuam a enfiar a cabeça na areia enquanto os sinais de deterioração do regime democrático são evidentes. É natural e legítimo que uma sociedade queira rever o seu enquadramento legal, mesmo ao mais alto nível, embora seja de esperar que um texto constitucional mereça alguma perenidade. O que já parece estranho é que se possa admitir e aceitar que os poderes políticos possam violar a legalidade vigente, o que representa o fim do Estado de Direito. De resto, toda a gente sabe o que aconteceu à Europa nos anos 30.

1 comentário:

Helena Araújo disse...

Leste o texto do Rui Bebiano a propósito deste assunto?

http://aterceiranoite.org/2011/10/20/os-fantasmas-descem-a-cidade/