domingo, 16 de outubro de 2011

A caminho da utopia neo-liberal

Falando perante autarcas do PSD, Passos Coelho justificou a pilhagem dos subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos afirmando que "cortar nos salários do privado não resolveria o problema orçamental do país, já que não é o Estado que paga estes salários". A verdade é que o défice reduz-se cortando na despesa ou aumentando as receitas. O Estado não paga salários do sector privado, mas pode aumentar a receita, como acontecerá quando ficar com o equivalente a 50% do subsídio de Natal deste ano dos trabalhadores do sector privado e do sector público. Não deixa de ser extraordinário perceber a indigência argumentativa e a desonestidade intelectual do primeiro-ministro. Passos só pode julgar que os portugueses são parvos e que não conseguem fazer contas de somar.

Se quisermos procurar as verdadeiras razões de Passos Coelho, talvez seja melhor começar por ler uma notícia do Expresso, sobre a qual Estrela Serrano já disse o que há para dizer, em que um membro do governo admite a discriminação contra o funcionalismo público em função de critérios eleitorais: "a função pública não é a base eleitoral deste governo". Temos um governo que despreza o Estado e os seus funcionários e que se encontra apostado numa blitzkrieg para liquidar o máximo que puder no mais curto intervalo de tempo possível. O objectivo desta gente não é salvar o que quer que seja; é destruir o Estado e transformar o país numa utopia neo-liberal. E os portugueses são as cobaias desses amanhãs de Estado mínimo e selvajaria máxima.

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