quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Supostamente, sim senhor

"A historieta da suposta gaffe de MFL é só fumaça."

Vai ser, sim senhor

"Vai ser preciso uma boa equipa."

Talvez fosse, sim senhor

"(...) talvez fosse boa ideia pôr alguém a escrever os discursos de Manuela Ferreira Leite."

Os preparativos

O estado da actual liderança do PSD é tão desastroso que consegue a proeza de colocar Luís Filipe Menezes a fazer declarações muito aceitáveis. É a inversão de tudo o que Ferreira Leite e os seus apoiantes defenderam e, com toda a certeza, mais um prego no caixão do seu projecto político.

Suspender o bom senso

Vamos acreditar, para manter um certo nível de conforto psicológico aceitável, que as declarações de Manuela Ferreira Leite sobre a suspensão da democracia foram um exercício falhado de ironia. Vamos acreditar nisto porque, ainda assim, é a solução menos má. Mas não deixa de ser um cenário bastante triste. Mesmo como exercício de ironia, o que se pode concluir desta intervenção é que a líder do PSD, quando entregue ao livre deambular do seu raciocínio político, possui uma tendência assustadora para o dislate. Para quem pretende ser uma referência de credibilidade na política e alternativa ao poder, deixa muito a desejar.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Há vida nos blogues

Há uns anos, escreviam nos blogues poucas pessoas. Havia, talvez, mais interacção, e era fácil cobrir um vasto espectro com uma lista de leituras diárias muito razoável. Hoje em dia, o número de blogues aumentou espantosamente e criaram-se redes de leituras mais restritas. É impossível acompanhar o ritmo da produção de conteúdos e do nascimento de novos blogues. Entraram no mundo dos blogues alguns nomes mediáticos, enquanto outros, à custa de muito talento, de muita perseverança, ou de muita polémica, conseguiram um lugar de destaque, acima do mar de nomes.

Entre quem cá anda desde esses tempos, é compreensível um certo desencanto com a evolução. O fenómeno deixou de ter uma dimensão quase tangível para assumir contornos mais massificados.

As maiores potencialidades dos blogues podem reduzir-se a duas características: tender a democratizar o acesso à produção de conteúdos e permitir a liberdade de se transformar no que os seus autores quiserem. Evidentemente, o crescimento da massa crítica e da diversidade dos blogues, pelas leis da estatística, gera alguns exemplos de muita qualidade, alguns exemplos de muito pouca qualidade e muitos exemplos medianos. Para além disto, os nomes mais sonantes, quer porque tragam a sua fama de outros campos, quer porque a tenham alcançado no mundo dos blogues, recolhem maiores antenções e também se percebe que assim seja. Tudo isto são consequências lógicas e óbvias. Quem não identificar este resultado com os benefícios que lhe estão associados não percebe bem as vantagens de uma ferramenta como os blogues.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A pessoa errada

A espantosa justificação apresentada para por Cavaco Silva em relação ao seu silêncio manifesta uma interpretação muito limitada dos seus poderes e funções, ou uma interpretação muito difusa do que é o regular funcionamento dos órgãos democráticos, ou uma submissão inadmissível ao desvario do PSD-Madeira. Mas revela, sem margens para dúvidas, aquilo que já muitos lhe tinham apontado em altura mais oportuna: que é a pessoa errada para o cargo que desempenha.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Uma América pós-racial

Segundo querem fazer crer, desde que Obama ganhou as eleições, é racismo dizer que ainda há racismo. Quem viveu quinhentos anos de escravatura, abusos, perseguições e segregação não pode voltar a colocar o assunto em cima da mesa. E quem concorda com eles também não.

Barack Obama é filho de mãe branca e de pai negro. É branco? Não, é negro. A cor da pele interessa e Obama é negro porque o branco era, e é, o ponto de referência. Em caso de miscigenação, quando um dos progenitores é branco e o outro não, ninguém se lembra de dizer que os filhos do casal são brancos. São outra coisa qualquer, ainda que tenham passado toda a sua vida em plena Europa ou EUA. Quanto a racismo, parece bastante esclarecedor.

Também é bastante esclarecedor que a eleição do primeiro presidente dos EUA com um tom de pele diferente dos 43 que o antecederam esteja a ser desvalorizada nestes termos. O racismo branco, na estranha mente destes pensadores, desapareceu. Mas, melhor ainda, aquilo a que devemos prestar atenção é ao racismo negro. Este exercício tem apenas duas consequências: apagar o passado e calar a contestação dos que acreditam que ainda há muito caminho a percorrer na marcha das igualdades.

No dia em que ser negro, nos EUA, não signifique uma maior probabilidade de ser condenado à morte, de ter piores empregos, piores salários e pior educação, poderemos começar a pensar no fim do racismo branco. Até lá, a eleição de Obama, apesar do enorme marco que representa, está longe de ser sinónimo de uma América pós-racial.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Uma presidência alheia

Em princípio, Cavaco Silva há-de perceber a gravidade do que está a acontecer na Madeira. Em princípio, até pode ser que já se tenha movimentado para restituir a normalidade do funcionamento das instituições. Infelizmente, por tudo aquilo a que já nos habituou, desde os tempos dos seus governos até aos da actual presidência, a gestão da comunicação com o eleitorado sempre foi um dos aspectos que Cavaco desdenhou. Que em Belém não seja um escândalo manter o silêncio à volta dos devaneios do PSD-Madeira é todo um tratado sob uma forma de estar na política.

Primeira página

Aqui está uma acontecimento sobre o qual não me importava que os jornais anunciassem, nas primeiras páginas, uma comunicação televisiva do Presidente da República.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pró-americanismo

A Esquerda, a Europa e o resto do mundo não se caracterizam, nem nunca se caracterizaram, pelo anti-americanismo. Apenas acreditam que a América merece melhor do que o que viveu nos últimos oito anos. O anti-americanismo é um traço comum em fundamentalismos políticos, o que nunca foi o caso da esmagadora maioria da esquerda - democrática, republicana, humanista e progressista por natureza -, nem da Europa e muito menos do resto do mundo, tantas vezes demasiado ocupados com os seus problemas para se preocuparem com os dos EUA. Acreditar que as políticas internas e externas de Bush foram um desastre não é sinónimo de anti-americanismo. Pelo contrário, é sinal de pró-americanismo, mesmo muito pró-americanismo.

Enquanto esperamos

Houve uma altura, na campanha presidencial americana, em que, qualquer que fosse o resultado das eleições, ele significaria o adeus ao grupo de ideólogos, conselheiros e assessores que caracterizaram a presidência de George W. Bush. Houve, realmente, uma altura em que McCain ou Obama representavam uma mudança tão significativa que, só por si, já era bem-vinda. Mas depois a campanha de John McCain preferiu a colaboração dos mesmos ideólogos, dos mesmos conselheiros e dos mesmos assessores das campanhas e da presidência Bush. O resultado foi um florescer e agravar de difamações, de insultos e de mentiras como estratégia de campanha. E, claro, a escolha de Sarah Palin para a vice-presidência, um hino à neofilia, à ausência de mérito, ao clientelismo e ao caciquismo. Hoje, uma vitória de McCain já não representa outra coisa que não seja um pouco mais do mesmo. Ou talvez bastante mais do mesmo. A América e o mundo precisam de outra forma de fazer política.

Uma questão de legitimidade

Concordo que o líder do CDS-PP tenha legitimidade para questionar a continuidade de Vítor Constâncio à frente do Banco de Portugal. O que não concordo é que Paulo Portas tenha legitimidade para ser líder do CDS-PP.

domingo, 2 de novembro de 2008

A direita portuguesa

Paulo Portas continua a sua senda contra o Rendimento Mínimo. Manuela Ferreira Leite lembrou-se de fazer uma graçola sobre os efeitos do investimento público nos números do desemprego dos imigrantes. Tanto um como outra apelam a sentimentos que militam entre os mais baixos a animar o ser humano. Os líderes do PP e do PSD optam por incentivar o egoísmo e o nacionalismo bacoco em detrimento da solidariedade social e da honestidade intelectual. Perante o descalabro nas sondagens, Portas e Ferreira Leite parecem preferir disputar votos ao eleitorado do PNR. Assim vai a direita portuguesa.

sábado, 1 de novembro de 2008

Timing

Já não se pode elogiar ninguém. Uns acabam com os blogues, para aí pela 93ª vez, se não me falham as contas. Outros saem-se com isto, para o qual todas as palavras parecem desadequadas. Ou melhor, afinal arranjam-se duas: qual realização?