sábado, 25 de junho de 2011

O trunfo

O i entrevistou Medina Carreira. A entrevista não varia o estilo a que o comentador nos habituou: frases bombásticas, ideias mal sustentadas, convicções apocalípticas. Por isso, não surpreende que raramente junte mais de três frases numa resposta. Para alguém que é frequentemente apresentado como especialista em finanças e fiscalidade, é pouco. Medina Carreira não faz um único diagnóstico nem avança uma única solução que um merceeiro de rua não seja igualmente capaz de vislumbrar.

A cereja no topo do bolo desta entrevista, e que o i vislumbrou claramente chamando-a à capa, é o elogio salazarista. Para Medina Carreira, Salazar era um bom gestor e precisávamos de outro homem assim. O que Medina Carreira não diz é que é fácil controlar o orçamento quando se tem o parlamento e as autarquias na rédea curta do partido único e quando se abdica de milhões de portugueses, abandonados ao analfabetismo, à fome, à mortalidade infantil, à falta de saneamento básico, à falta de transportes públicos e à falta de sistema nacional de saúde. É fácil controlar as contas quando não se ambiciona mais que o miserabilismo.

O que já surpreende nesta entrevista é que, num momento tão difícil para o país, estes obstinados críticos de tudo o que mexe e respira não se apresentem como alternativa política. Pois é na política que tudo se joga – não no conforto das páginas de jornal e dos estúdios de televisão. Mas quando questionado sobre uma candidatura à Presidência da República, a resposta é pronta: “isso ia dar grandes confusões na minha vida e o resultado não seria nenhum”. Ficar de fora à espera que os outros façam, convenhamos, é bastante mais fácil. E quando corre mal, pode sempre meter-se as culpas em alguém. É o trunfo dos cobardes.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Regressos

Percebi hoje que o Terapia Metatísica regressou há 3 meses. Já disse algures que o Terapia Metatísica é um blogue que faz apetecer escrever. Mas hoje não vou estar com muitos rodeios: o Terapia Metatísica é um dos melhores blogues escritos em português. Vão por mim.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Padrões elevados

A história é simples. Num curso ministrado pelo Centro de Estudos Judiciários apareceram testes com respostas muito semelhantes a indiciar "copianço generalizado". A solução encontrada pelos responsáveis do CEJ foi atribuir nota 10 a todos os formandos. O que significa que quem copiou não chumba e quem não copiou recebe uma nota que não leva em linha de conta o seu efectivo mérito. Diz que é uma escola de Justiça.

Leitura muito recomendável

Por que é que os economistas aparentam saber tão pouco sobre a economia?

Explica muita coisa. Explica mesmo muita coisa.

O amigo paquistanês

CIA's Osama bin Laden informants arrested by Pakistan – report

The detention of five informants involved in lead-up to Bin Laden killing is seen as sign of fresh US-Pakistan discord


O empenho do Paquistão na luta contra o terrorismo chega a ser comovente.

Sinais do que aí vem

O ataque ao sector público é uma realidade que apenas aguarda a tomada de posse do novo governo. Os sinais são claros e vêm de onde menos se espera. O presidente da Entidade Reguladora para a Saúde defende que existem unidades hospitalares a mais em Portugal. E em que é que o presidente da ERS se baseia para o afirmar? Na sua convicção: "Apesar de estar convencido que a rede hospitalar é excessiva, Jorge Simões diz que é ainda preciso fazer estudos técnicos caso a caso."

Não deixa de ser surpreendente que pessoas com responsabilidades a este nível no sector produzam afirmações sem sequer terem os dados para as suportar. O melhor que Jorge Simões consegue é dizer-nos que "Não faz sentido ter a 15 minutos de um hospital outro pequeno hospital com um ou dois pediatras ou com um ou dois obstetras e que não dê resposta com qualidade necessária e que crie despesa que não faz sentido". Ninguém discordará disto, mas existem de facto hospitais nessas condições? Ou estamos apenas a preparar as populações para a sangria que aí vem? Porque a impressão que fica é que se Jorge Simões quisesse iniciar aqui um debate esclarecedor ter-nos-ia fornecido casos concretos onde se duplicam valências e custos sem justificação para a dimensão das populações servidas.

A terminar, um sinal também para os profissionais do sector,propondo-se uma "utilização mais eficiente das profissões de saúde, alargando por exemplo as funções dos enfermeiros". Como o acordo com o FMI, UE e BCE não se compagina com o aumento do número de funcionários públicos ou com o aumento dos encargos salariais, os enfermeiros já sabem que podem contar com mais trabalho pelo mesmo dinheiro e com as mesmas (ou ainda menos) pessoas.

São as reformas estruturais. Habituem-se, porque é só o começo.

domingo, 12 de junho de 2011

Jornalismo de referência

O Público continua em grande forma. Esta manhã informava: "Policial da GNR baleado na cabeça em Quarteira". Duas horas depois, alguém terá feito o favor de explicar à redacção do jornal que a GNR é uma força de segurança de natureza militar. Agora só falta explicar à impaciente São José Almeida que Passos Coelho só será primeiro-ministro depois de tomar posse. Por incrível que pareça, a Constituição não prevê dois primeiros-ministros em funções simultaneamente. Mas não deixa de ser uma ideia engraçada que o PSD pode introduzir na famosíssima revisão constitucional pela qual tanto suspira.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pois

A liberdade de expressão tem dias...

O abismo

De austeridade em austeridade, até à bancarrota final.

Não há coincidências

Desde que o PSD ganhou as eleições que o céu se cobriu de nuvens e as temperaturas baixaram drasticamente. Talvez esteja na altura de pensar se isto não será mais do que apenas uma coincidência. Just sayin'...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Danos colaterais

Veinticinco mil noticias acusan a los productos españoles del E. Coli


As consequências deste tipo de cobertura mediática, num mundo que consome notícias, como quase tudo o resto, de uma forma globalizada, são incalculáveis. Reduzir esse impacto apenas à sua vertente económica é pecar, e muito, por defeito.

Validações legislativas


Uma manchete perfeitamente idiota.