quarta-feira, 30 de março de 2011

Temas que não farão parte da campanha

Não é preciso ser possuidor de uma memória invejável para recordar os tempos em que a crise financeira e económica levava os governos ocidentais a prometerem a introdução de alterações no sistema financeiro mundial. Uma boa parte do desequilíbrio das contas públicas por essa Europa fora deve-se às medidas adoptadas para salvar o sistema financeiro do colapso iminente, numa altura em que o termo "activo tóxico" fazia entrada no léxico do cidadão comum. Formidavelmente, essa oportunidade gorou-se. Pior ainda, na realidade, os intrépidos investidores e empreendedores que no passado recente lançaram o mundo no caos estão hoje mais fortes do que nunca, com o apoio ideológico e político da direita europeia. Nestas condições, discutir a imoralidade dos off-shores, como é o caso da Zona Franca da Madeira, onde em 2981 empresas registadas, 2435 declaram não ter qualquer trabalhador, está fora de questão.

Blame Canada

Céline Dion, Bryan Adams, Justin Bieber... Alguém tem de dizer ao Canadá para deixar de fazer isto ao resto do mundo.

Uma estratégia furada

Como "o PSD não está a governar", não se sente na obrigação de apresentar propostas alternativas de governo do país. É o desprezo pelo parlamentarismo, pela democracia e pela política em si. Esta estratégia, no entanto, tem duas desvantagens consideráveis. Em primeiro lugar, os políticos que desprezam a política apenas mobilizam eleitores que igualmente desprezam a política. No momento actual que o país vive, não parece que sejam estas as pessoas que mais falta fazem à esfera pública. Em segundo lugar, quando não se definem linhas orientadoras e medidas concretas, cada eleitor constrói a sua expectativa baseado nas suas conjecturas pessoais. Alarga-se assim a possibilidade de se defraudar as expectativas de toda a gente. Nenhum destes cenários promete estabilidade política e social. Mas cada um colhe aquilo que semeia.

segunda-feira, 28 de março de 2011

O tecto

À medida que a data das eleições se for aproximando vai crescer a pressão para o PSD avançar uma estratégia, um plano, uma ideia que seja, para tirar o país da crise. É certo que Cavaco Silva acabou de ganhar as presidenciais com uma campanha que foi sobretudo uma gestão de silêncios. Mas as diferenças são consideráveis. Umas legislativas não se comparam com umas presidenciais e o eleitorado espera que os candidatos à governação do país consigam produzir algo palpável, coerente e compreensível sobre o que se propõem fazer. Para além disto, não se deve menosprezar o facto de Cavaco se ter apresentado como incumbente, enquanto de Passos Coelho, politicamente, a maior parte das pessoas guardar sobretudo a memória de umas golas altas dos tempos da jota social-democrata. Neste contexto, para uma liderança que sempre que é obrigada a juntar duas frases seguidas desce nas intenções de voto, os 40 e tal por cento que as sondagens lhe atribuem são certamente um tecto. Daqui para a frente, pode ser sempre a perder.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Diz que não disse

Enquanto Passos Coelho vai admitindo uma subida do IVA, Miguel Relvas não só diz que o caminho não deve ser por aí, como assegura que o líder não anda a admitir uma subida do IVA. Relvas só não explica se o 13º mês é "despesa inútil do Estado". António Carrapatoso aguarda esclarecimentos. Os funcionários públicos também.

Dúvidas existenciais

Manuela Ferreira Leite marcou o dia do debate parlamentar que levou ao chumbo do PEC IV por ter declarado que não discutia medidas concretas por não querer "entrar em politiquices". Quem anda há décadas na política, tendo passado por cargos executivos, e compara o discurso sobre medidas concretas a politiquices, anda na política a fazer e a falar de quê?

Um aspecto a ter em consideração nas próximas eleições autárquicas

Japão reconstrói rodovia destruída em seis dias

quinta-feira, 24 de março de 2011

Quinze dias passam num instante

"Foi o primeiro líder político a acelerar uma crise política que estava ainda no horizonte: há 15 dias, Paulo Portas disse que avançaria com um projecto de resolução contra o PEC (...)."

Público, edição impressa de 24 de Março


Ao certo, de quanto tempo precisava Cavaco Silva para não ser apanhado de surpresa?

Broad coalition for change

Uma coligação tão grande que inclui o passismo e o cavaquismo.

Gostar de blogues

"Incrivelmente, a apresentação do PEC 4, o debate que se seguiu e o desfecho de ontem ocorreram sem que tivesse sido, que eu saiba, conduzida uma única sondagem sobre o tema para divulgação pública. Pelos vistos, as empresas e os órgãos de comunicação social andaram entretidos, respectivamente, a fazer e encomendar sondagens sobre o Sporting. São opções."

Pedro Magalhães, no Margens de Erro.

Bios Politikos

Resumidamente: é isto.