sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sem lei

Uma das poucas vozes a denunciar os efeitos nefastos da precariedade laboral no jornalismo:

"O escândalo das escutas que levou à extinção do "News of the World" é a ponta do "iceberg" daquilo a que certos media estão dispostos na guerra pelas audiências e pelos recursos publicitários.

O NoW terá mantido sob escuta clandestina cerca de 4 000 telefones de gente da política, do espectáculo e dos negócios, usando as gravações como fonte de notícias, obviamente não citada ou citada sob os narizes-de-cera também comuns na imprensa portuguesa: "O NoW sabe que", "Segundo fontes próximas de", "Segundo fontes fidedignas"... Serviria ainda, sempre sob a capa das fontes anónimas, de caixa de correio a numerosos políticos para divulgar informações "quentes" sobre os adversários.

Nada que surpreenda quem conheça hoje a imprensa por dentro. Ao contrário do que pode julgar quem só vê o lado de cá das câmaras de TV e dos jornais, não somos todos, jornais e jornalistas, bons rapazes. Como no Reino Unido, também entre nós a concorrência, a cultura dominante do dinheiro e da competição sem regras, juntamente com a precariedade e vulnerabilidade profissionais em que se exerce hoje o jornalismo, constituem (já o tenho dito outras vezes) um caldo de cultura propício à delinquência deontológica. A condescendência corporativa e a inoperância da auto-regulação fazem o resto.

Talvez seja injusto, mas suspeito que, se estalasse entre nós um escândalo como o do NoW, dificilmente faria manchete nos outros jornais.
"

Liberdade para enganar

O trabalho das agências de rating transformou-se num esoterismo de tal ordem que, para defenderem a sua actividade recente, afirmam "que apenas emitem 'opiniões' amparadas pelo direito à 'liberdade de expressão'". Seria de esperar que entidades com a responsabilidade que as agências de rating assumem na economia mundial conseguissem suportar o seu trabalho em conhecimentos periciais. Ninguém imagina um gabinete de engenharia, uma firma de advogados ou uma clínica médica a invocarem a liberdade de expressão em defesa da avaliação de um projecto, de um parecer ou de um diagnóstico. Cada vez se torna mais claro que nas agências de rating parece haver de tudo, menos trabalho sério e honesto.

Espiral descendente

Um artigo de Joseph Stiglitz muito claro sobre o que nos espera se os políticos europeus mantiverem a sua passividade e o seu enviesamento neo-liberal. Excertos:

"As Greece and others face crises, the medicine du jour is simply timeworn austerity packages and privatization, which will merely leave the countries that embrace them poorer and more vulnerable. This medicine failed in East Asia, Latin America, and elsewhere, and it will fail in Europe this time around, too. Indeed, it has already failed in Ireland, Latvia, and Greece."

"[T]he financial markets and right-wing economists have gotten the problem exactly backwards: they believe that austerity produces confidence, and that confidence will produce growth. But austerity undermines growth, worsening the government’s fiscal position, or at least yielding less improvement than austerity’s advocates promise. On both counts, confidence is undermined, and a downward spiral is set in motion."

domingo, 3 de julho de 2011

(New) New Deal

Ex-chefes de Estado e de Governo, incluindo Sampaio, defendem “new deal” europeu

Se os actuais políticos europeus não conseguem ver para além da próxima eleição local, talvez tenham de ser os ex-políticos europeus a apontar o caminho para salvar a Europa.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Para mais tarde recordar

«Não vamos andar de três em três meses a apresentar novas medidas».

Why don't you do right


Dedicado, com muito carinho, a todos os eleitores que votaram PSD porque "cortar nos subsídios de férias ou de Natal era um disparate", ou porque "não se podia pedir mais sacrifícios aos portugueses", ou porque "o défice devia ser reduzido do lado da despesa e não da receita", ou porque...