terça-feira, 19 de agosto de 2008

Medalhas porque sim

De repente, Portugal acordou a pensar que podia ganhar medalhas nos Jogos Olímpicos. Que não só podia, como devia ganhar medalhas. Ninguém se perguntou quais são as reais condições que os nossos atletas possuem para alcançar esse objectivo. Do conforto dos sofás, e à distância que a televisão permite, surgiram exigências difíceis de sustentar e as declarações manifestamente desastradas de alguns atletas em Pequim não ajudaram a criar observadores mais frios.

O talento treina-se. A mestria dá trabalho. Ser consistentemente bom requer disciplina. O desporto, qualquer que seja, pede dedicação, sacrifício, planeamento, investimento e superação. Num país em que raras actividades podem gabar-se de atingir elevados níveis de desempenho, por que é que com as prestações desportivas havia de ser diferente? Existe uma excelente desculpa para os maus resultados. Na realidade, a mais justa e a melhor de todas: os outros são melhores.

2 comentários:

Planetas - Bruno disse...

Caro Miguel,
Este post faria sentido se estivéssemos em 1986, nos dias de hoje, não me diga que os nossos Atletas não têm as melhores condições de sempre.
A julgar pelos resultados (claramente abaixo dos mínimos individuais) e comentários de alguns atletas o problema não é de condições financeiras ou de meios, o problema é atitude e brio desportivo.

PS: Ninguém pode pedir que sejamos melhores apenas que dêem o seu melhor.

Miguel Silva disse...

"As melhores condições de sempre" não são necessariamente "as melhores condições". É preciso saber de onde se vam para saber onde se está.
Os maus resultados explicam-se pela soma de vários factores. Destacar apenas a parte que cabe aos atletas é injusto. Pode haver exemplos de uma mmentalidade desadequada para a competição de alto nível, mas não acaba aí e nem sequer é o factor mais importante. Agora querem fazer crer que os 15 milhões de euros gastos foram mal empregues. Não sei se o foram ou não, mas sei que o problema está espalhado por muitos outros níveis da sociedade, a começar pelo desporto escolar (ou pela ausência dele) e pela dificuldade de conciliar a actividade desportiva em clubes com a actividade escolar e profissional.