Não é necessário ser um génio da estratégia de combate político para chegar à conclusão a que chegou Santos Silva. Parece que apenas no PSD ninguém percebeu que as críticas ao silêncio do governo partiam de uma casa com telhados de vidro.
A estratégia de silêncio da liderança do PSD tem sido algumas vezes apontada como errada, mas legítima. Mas o silêncio, na política, em raríssimas ocasiões é legítimo. Desde que os gregos se dedicaram a aprimorar a política como expressão da vida em comunidade que o discurso e a acção dela fazem parte. Estando na oposição e enfrentando uma maioria absoluta do PS, a acção é algo a que o PSD não pode aceder facilmente. Sobra-lhe o discurso. Abdicando dele, não lhe sobra nada.
A triste realidade do PSD é que após os excessos de Menezes e de Santana Lopes, impunha-se uma mudança profunda de orientação. A opção de Ferreira Leite foi posicionar-se no extremo oposto e comprometer-se com um silêncio monástico. Mas, para marcar a diferença após o populismo de Menezes, a solução ideal nunca poderia ser outra forma de extremismo, ainda que de sinal contrário. Bastava apenas que tivesse recorrido à característica que falta ao PSD há tanto tempo: a moderação.
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