Para os antigos gregos, os seus escravos eram indivíduos desprovidos de palavra. Obviamente, não porque não conseguissem falar, mas porque, dada a sua condição, não poderem usar a palavra publicamente. Essa era uma qualidade apenas ao alcance dos homens livres – livres não só do jugo de outros homens, mas igualmente do jugo do trabalho e das tarefas do quotidiano doméstico. Por esse motivo, aos cidadãos que, tendo a possibilidade de participar na vida pública, preferiam ocupar-se dos seus negócios, os restantes gregos reservavam um não disfarçado desprezo.
Gerir silêncios faz inevitavelmente parte da vida política. Mas elevar o silêncio a uma forma de fazer política, tanto do agrado de algum PSD, revela uma perspectiva muito estreita e demasiada preocupação com o imediato. É não só um sinal de falta de fôlego e de fraqueza como uma afronta ao que a vida política devia ser.
Sem comentários:
Enviar um comentário