quinta-feira, 14 de agosto de 2008

11 em 1000

Já o escrevi várias vezes: as estatísticas, em si mesmas, são muito pouco. Números são números e, se as coisas forem bem feitas, respondem a hipóteses construídas a partir de teorias. Andamos aqui a discutir se é mais rigoroso e objectivo dizer que a taxa de criminalidade dos estrangeiros é superior à dos portugueses ou se é igual. Questões de metodologia, portanto. O que ainda não se discutiu são as teorias que podem ajudar a interpretar os dados e que dão forma a todas as investigações. Existe alguma teoria que afirme que a nacionalidade influi na propensão para a criminalidade? Eu não conheço nenhuma. Nascer português, espanhol, brasileiro, angolano, ucraniano, etc. é relevante para a nossa relação com as leis? Certamente que sim, mas isso não se deve ao que está escrito no BI. Deve-se aos processos de socialização que cada sociedade proporciona aos seus membros, incluindo modelos culturais e estruturas sociais relevantes.
Mas, ainda que se recuse a adaptação metodológica do estudo, as taxas de criminalidade para portugueses e estrangeiros são, respectivamente, de 7 em mil e 11 em mil. É significativamente diferente. No pátio da penitenciária, os estrangeiros podem fazer um jogo de cinco para cinco, com um à baliza, e os portugueses só podem fazer um jogo de três para três, com um à baliza.

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