A inumeracia, como nos recordam vários estudos, é um dos problemas de défice de competências dos portugueses. Saber minimamente trabalhar com números não é apenas uma questão de saber fazer contas. É, sobretudo, uma questão de raciocínio lógico. No Margens de Erro, Pedro Magalhães recupera uma crónica de António Ribeiro Ferreira que ilustra bem este fenómeno. O "grande repórter" do Correio da Manhã, em poucas linhas, revelando toda a sua ignorância sobre o que é a estatística e como se elabora uma sondagem, considera desde já que é inadmissível que as próximas sondagens apresentem outra coisa que não sejam resultados conclusivos. No planeta em que ARF vive, margem de erro, nível de confiança, métodos de amostragem e de aplicação dos questionários são tudo pormenores que não devem interferir na obtenção dos resultados que os preconceitos deste candidato a iluminado da nação já estabeleceram como aceitáveis.
O resto da prosa de ARF é um tratado de pequenos ódios, ressentimentos e preconceitos difíceis de digerir. Que se possa chegar a "grande repórter", nem que seja do jornal da região, sem demonstrar a menor vontade de estudar e perceber do que se fala é um triste diagnóstico do estado da comunicação social portuguesa. São pessoas deste calibre que escolhem, editam e relatam a realidade económica, social e política do país.
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