As declarações do anónimo membro da Casa Civil da Presidência da República são: "Como é que os dirigentes do PS sabem o que fazem ou não fazem os assessores do Presidente? Será que estão a ser observados, vigiados? Estamos sob escuta ou há alguém na Presidência a passar informações? Será que Belém está sob vigilância?"
Nas restantes duas páginas que o Público dedica à (não) notícia, nada - absolutamente nada - permite suportar estas gravíssimas insinuações. Qualquer político munido de um mínimo de bom senso ou e de um mínimo de entendimento sobre o que é o relacionamento entre instituições, e entre estas e os eleitores, não pode, em circunstância alguma, confundir as suas perplexidades com matérias passíveis de serem partilhadas com jornalistas. Mas, em Belém, esta foi a forma encontrada para atacar o governo e o PS em plena pré-campanha eleitoral. A mesma Presidência que pediu uma limitação à actividade legislativa, a propósito da discussão de temas que alguns gostam de apelidar de fracturantes, sanciona agora a lama como forma de fazer política.
Temos, então, uma instituição política com o peso da Presidência da República a recorrer à insinuação rasteira e à manipulação barata e um jornal, dito de referência, a prescindir da investigação, dos factos e do juízo crítico para se transformar em mera correia de transmissão dos interesses eleitoralistas de uma força partidária. Mas o problema, para estas almas caridosas, reside sempre nos outros.
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