Para opinar sobre o folhetim mexicano que aconteceu no blogue da Atlântico era preciso ter lido bastante mais do que me dispus a fazer. Limitei-me a seguir a ligação para o post de despedida do Tiago Mendes e a acompanhar as reflexões dos bloguistas que já costumo visitar diariamente. Entre estes, talvez o que se tem dedicado mais ao tema seja o João Pinto e Castro, equacionando sobretudo o silêncio e a fuga ao âmago das questões que o Tiago Mendes levantou por parte dos seus colegas de blogue e de alguma direita bloguista.
O silêncio e a fuga mais ou menos descarada à discussão, apontando baterias ao estilo e não ao conteúdo, se têm como propósito o não posicionamento, falham miseravelmente. Como já alguém salientou, não tomar uma posição, neste caso, equivale mesmo a tomar uma posição.
Especulando um bocado, esta opção talvez se prenda menos com pressupostos ideológicos do que com uma outra característica muito vincada entre nós e que é a de muito dificilmente se resistir à extrapolação dos laços naturais da esfera da amizade para a esfera pública. Este fenómeno tem bastante notoriedade no campo político, no qual determinadas personalidades se fazem acompanhar, durante toda a carreira e qualquer que seja o cargo desempenhado, do seu círculo de confiança.
Mas não se confunda o que é notório com o que é exclusivo. Pelo contrário, estamos perante uma faceta mais comum do que seria de desejar. Sempre que é preciso tomar uma decisão de recursos humanos, o elo mais fraco raramente é o menos competente, mas antes aquele com quem se priva menos, aquele com quem se partilha menos afinidades pessoais. Não se trata de uma pecha da direita ou da esquerda. Trata-se de um traço cultural que transcende a geografia, a ideologia, a classe e a actividade. Desengane-se quem pensa que os blogues são algo mais do que o espelho da sociedade em que se inserem.
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