terça-feira, 2 de março de 2010

Sarjeta

Um dos meus professores na faculdade, para ilustrar a importância do sentimento de proximidade social como factor de percepção do conteúdo das notícias, costumava dizer que lhe passavam sempre ao lado as notícias sobre crimes de sangue, excepto se a vítima fosse docente do ensino superior. Dentro desta lógica, a manchete de hoje do jornal i tem tudo para captar a atenção de quem escreve e acompanha blogues.

Rapidamente se percebe, lendo o Jumento, mas também o Eduardo Pitta e o Tomás Vasques, entre outros, que o texto assinado por Paulo Pinto Mascarenhas é tudo menos trabalho de jornalismo. São sonegados e deturpados factos relevantes e atenta-se contra o direito à privacidade a troco de umas letras gordas para vender papel.

Há dias, o jornal Metro avançou com uma capa que é outro marco histórico da degradação da objectividade e sentido crítico no meio jornalístico. Tanto no caso do Metro como no do i, temos artigos com direito a manchete na capa do jornal, o que implica o compromisso de muito mais do que o autor da peça. Uma capa não se define à revelia dos editores e do director da publicação. Num e noutro caso, foi toda uma equipa que contribuiu de forma activa e consciente para um resultado que serve apenas o propósito de desinformação que tem vindo a instalar-se na comunicação social.

A ética e o profissionalismo das redacções estão na sarjeta.

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