Criar um novo partido à esquerda do PS, algures no intervalo que deveria separar o PS do PCP e do BE, é entregar o partido à indefinição centrista, à sede de poder pelo poder e às facções mais à direita que por lá militam. Parece haver quem queira retirar como consequência lógica dos resultados eleitorais de Manuel Alegre e de Helena Roseta a criação de uma nova força partidária, a qual resolveria os diferendos vividos. Mas o problema não reside em Manuel Alegre, Helena Roseta ou nos militantes que se identificam com uma linha ideológica mais à esquerda. O problema reside precisamente no facto de o PS se ter transformado num partido com uma matriz muito próxima do centro-direita. A ala à esquerda do PS não precisa de outro partido; precisa que o PS volte a ser um partido de esquerda.
Faz falta ao sistema político-partidário uma força de esquerda com a implantação eleitoral do PS. A co-habitação de um partido como o PSD com esta versão do PS é redundante e empobrecedora. Além disso, compreensivelmente, o PSD faz muito melhor de PSD do que o PS. Esta aventura pelo centro-direita do PS de Sócrates só tem resultado bem porque os sociais-democratas optaram consecutivamente por soluções tão populistas como pouco credíveis nas figuras de Santana Lopes e de Luís Filipe Menezes.
Ao contrário do que muita gente pensa, a culpa da crise no PSD não é da responsabilidade de Sócrates, mas ainda dos efeitos dos governos e do PS de António Guterres. Deixem o PSD voltar a encontrar uma referência séria para líder, com um discurso ideologicamente coerente e sério, para ver o pandemónio em que se vai transformar o Largo do Rato nas mãos da elite dirigente que os anos Sócrates têm promovido.
1 comentário:
Nem mais.
Completamente de acordo.
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