A campanha mais visível do Movimento Mérito e Sociedade tem consistido numa crítica violenta ao sistema político-partidário. O MMS assume uma vontade de capitalizar o descontentamento e, para tal, não hesita em recorrer a uma estratégia que passa sobretudo por denegrir os restantes actores políticos.
Não é privilegiando a visibilidade dos ataques em detrimento da das propostas que se eleva o nível do debate político em Portugal. O MMS pode alegar que o dinheiro de que dispõe é pouco e obriga a alguma ginástica criativa. Mas também ninguém pode ignorar que quando o assunto é a política, os princípios devem figurar no topo das prioridades dos intervenientes. Para um partido que incluiu a palavra mérito na sua denominação, ironicamente trilha caminhos que se afastam bastante do que seria de esperar.
Os partidos e seus representantes que o MMS tem atacado são precisamente aqueles que têm recebido a confiança de quem se dá ao trabalho de ir votar. O MMS acaba, com a sua estratégia, quer o tenha percebido ou não, por atacar tanto os eleitos como os eleitores. Não é seguro que este posicionamento traga vantagens eleitorais, mas, em caso afirmativo, elas não poderão vir de outro lado que não seja o dos descontentes, dos ressentidos e dos desconfiados. O Movimento Mérito e Sociedade, que, como se viu, prescinde facilmente do mérito, privilegia e promove, assim, uma parte muito curiosa da sociedade. De um partido com esta linha de acção não se pode esperar nada de muito positivo.
2 comentários:
vê-se logo que é a voz do PS que fala. estudos recentes dizem que mais de 90% dos portugueses não têm confiança nos seus políticos. aqueles que sustentam o sistema são as clientela e os apaniguados indirectos. é preciso mudar isto, se não for o MMS serão outros. como está é insustentável.
Se não estou em erro, a voz do PS é o João Tiago Silveira. Aqui a única voz que encontra é a minha.
É precisamente esta postura de desconfiança sistemática que critico. Os outros são todos "clientela e apaniguados". Só o MMS é que é diferente? Se é para mudar, prefiro que seja com partidos e políticos que não achem que estão acima dos partidos e dos políticos. A desconfiança sistemática apenas mina os fundamentos da sociedade.
Uma boa parte das pessoas dentro dos partidos tenta fazer um trabalho honesto e responsável. Cada um com as suas ideias do que deve ser o rumo do país, dos municípios e das freguesias. Existe um abismo entre a discussão de ideias e de projectos e o ataque à honra e à honestidade dos agentes. O MMS preferiu esta última. O moralismo populista dificilmente é conciliável com uma ética do mérito.
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