Segundo querem fazer crer, desde que Obama ganhou as eleições, é racismo dizer que ainda há racismo. Quem viveu quinhentos anos de escravatura, abusos, perseguições e segregação não pode voltar a colocar o assunto em cima da mesa. E quem concorda com eles também não.
Barack Obama é filho de mãe branca e de pai negro. É branco? Não, é negro. A cor da pele interessa e Obama é negro porque o branco era, e é, o ponto de referência. Em caso de miscigenação, quando um dos progenitores é branco e o outro não, ninguém se lembra de dizer que os filhos do casal são brancos. São outra coisa qualquer, ainda que tenham passado toda a sua vida em plena Europa ou EUA. Quanto a racismo, parece bastante esclarecedor.
Também é bastante esclarecedor que a eleição do primeiro presidente dos EUA com um tom de pele diferente dos 43 que o antecederam esteja a ser desvalorizada nestes termos. O racismo branco, na estranha mente destes pensadores, desapareceu. Mas, melhor ainda, aquilo a que devemos prestar atenção é ao racismo negro. Este exercício tem apenas duas consequências: apagar o passado e calar a contestação dos que acreditam que ainda há muito caminho a percorrer na marcha das igualdades.
No dia em que ser negro, nos EUA, não signifique uma maior probabilidade de ser condenado à morte, de ter piores empregos, piores salários e pior educação, poderemos começar a pensar no fim do racismo branco. Até lá, a eleição de Obama, apesar do enorme marco que representa, está longe de ser sinónimo de uma América pós-racial.
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