O i entrevistou Medina Carreira. A entrevista não varia o estilo a que o comentador nos habituou: frases bombásticas, ideias mal sustentadas, convicções apocalípticas. Por isso, não surpreende que raramente junte mais de três frases numa resposta. Para alguém que é frequentemente apresentado como especialista em finanças e fiscalidade, é pouco. Medina Carreira não faz um único diagnóstico nem avança uma única solução que um merceeiro de rua não seja igualmente capaz de vislumbrar.
A cereja no topo do bolo desta entrevista, e que o i vislumbrou claramente chamando-a à capa, é o elogio salazarista. Para Medina Carreira, Salazar era um bom gestor e precisávamos de outro homem assim. O que Medina Carreira não diz é que é fácil controlar o orçamento quando se tem o parlamento e as autarquias na rédea curta do partido único e quando se abdica de milhões de portugueses, abandonados ao analfabetismo, à fome, à mortalidade infantil, à falta de saneamento básico, à falta de transportes públicos e à falta de sistema nacional de saúde. É fácil controlar as contas quando não se ambiciona mais que o miserabilismo.
O que já surpreende nesta entrevista é que, num momento tão difícil para o país, estes obstinados críticos de tudo o que mexe e respira não se apresentem como alternativa política. Pois é na política que tudo se joga – não no conforto das páginas de jornal e dos estúdios de televisão. Mas quando questionado sobre uma candidatura à Presidência da República, a resposta é pronta: “isso ia dar grandes confusões na minha vida e o resultado não seria nenhum”. Ficar de fora à espera que os outros façam, convenhamos, é bastante mais fácil. E quando corre mal, pode sempre meter-se as culpas em alguém. É o trunfo dos cobardes.
1 comentário:
Pois, pois... E no caso dos governos de Sócrates correu mesmo muito mal!
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