O ataque ao sector público é uma realidade que apenas aguarda a tomada de posse do novo governo. Os sinais são claros e vêm de onde menos se espera. O presidente da Entidade Reguladora para a Saúde defende que existem unidades hospitalares a mais em Portugal. E em que é que o presidente da ERS se baseia para o afirmar? Na sua convicção: "Apesar de estar convencido que a rede hospitalar é excessiva, Jorge Simões diz que é ainda preciso fazer estudos técnicos caso a caso."
Não deixa de ser surpreendente que pessoas com responsabilidades a este nível no sector produzam afirmações sem sequer terem os dados para as suportar. O melhor que Jorge Simões consegue é dizer-nos que "Não faz sentido ter a 15 minutos de um hospital outro pequeno hospital com um ou dois pediatras ou com um ou dois obstetras e que não dê resposta com qualidade necessária e que crie despesa que não faz sentido". Ninguém discordará disto, mas existem de facto hospitais nessas condições? Ou estamos apenas a preparar as populações para a sangria que aí vem? Porque a impressão que fica é que se Jorge Simões quisesse iniciar aqui um debate esclarecedor ter-nos-ia fornecido casos concretos onde se duplicam valências e custos sem justificação para a dimensão das populações servidas.
A terminar, um sinal também para os profissionais do sector,propondo-se uma "utilização mais eficiente das profissões de saúde, alargando por exemplo as funções dos enfermeiros". Como o acordo com o FMI, UE e BCE não se compagina com o aumento do número de funcionários públicos ou com o aumento dos encargos salariais, os enfermeiros já sabem que podem contar com mais trabalho pelo mesmo dinheiro e com as mesmas (ou ainda menos) pessoas.
São as reformas estruturais. Habituem-se, porque é só o começo.
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