Um momento de violência, grave mas altamente invulgar, envolvendo não mais que uma dúzia de pessoas, e é tudo o que o CDS de Paulo Portas precisa para atacar as medidas de apoio aos mais pobres. A luta do CDS contra o RMG e o RSI é antiga. Paulo Portas sabe que não é junto dos beneficiários destas ajudas que encontra o seu eleitorado mais fiel - reformados e pequenos proprietários, sobretudo fora das zonas mais densamente urbanas. Penalizar a larguíssima maioria de beneficiários do RMG ou do RSI que levam a sua vida de uma forma tão honesta quanto esforçada é tão inerentemente injusto que não há explicação possível que se lhe possa colar.
Mas o CDS não é contra os apoios do Estado, como não é contra a imigração. É contra alguns apoios do Estado e contra alguma imigração.
O que fica do discurso ambíguo do CDS é que os apoios não são para quem precisa, mas sim para quem merece. A diferença entre uns e outros reside no facto de se poder definir indicadores objectivos para os primeiros, enquanto os segundos dependem sobretudo de juízos de valor, sempre subjectivos e muitas vezes arbitrários. Se alguém acredita que este esquema não gera subsídio-dependência é muito ingénuo ou intelectualmente muito desonesto. Não só gera subsídio-dependência como gera subsídio-dependência de contornos caciquistas. Mas com essa, aparentemente, o CDS vive bem.
2 comentários:
Caro Miguel, concordo na generalidade com o dito.
Tenho, ainda assim, alguma reserva sobre os mecanismos de controlo praticados pela S.S, recordemos a recente melhoria da fiscalização na atribuição do Subsídios de desemprego, que é, naturalmente de salutar. Não deveria esse rigor ser também aplicado aos restantes Subsídios?!
Digo eu...
Concordo inteiramente com uma fiscalização rigorosa de todos os dinheiros do Estado, apoios sociais incluídos.
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