Esta manhã, no blogue da TSF, perdão, no fórum da TSF, alguém dizia que os bairros sociais que se construíram foram aqueles que foi possível construir. Tenta-se, assim, atenuar a opção de criar guetos sociais num modelo cujo insucesso era já amplamente conhecido. Percebem-se as dificuldades financeiras a todos os níveis de intervenção política, mas, mesmo com o pouco dinheiro que havia e há, era difícil ter feito pior trabalho.
5 comentários:
Não julgo que tenhamos dos piores exemplos de realojamento Social.
Eu estou numa zona em que Apartamentos de 300 mil euros estão paredes meias com novas habitações de realojamento.
Não me venham falar de Guetos, estes apenas existem na cabeça de quem não quer integração!
Os guetos apenas existem na cabeça de quem não quer integração? Ou apenas existem na cabeça de quem quer melhor integração?
Eu também conheço alguns exemplos de habitação social integrada, paredes meias com prédios de classe média e média-alta, e geralmente não atingem os níveis de marginalidade e exclusão das Quintas da Fonte e semelhantes. Mas quem se der ao trabalho, por exemplo, de atravessar os Olivais, Chelas e as Olaias não pode deixar de achar que gueto social é uma descrição bastante ajustada. São km2 de cidade inteiramente dedicados a habitação social. Mas há mais, ainda mais longe e mais isolados. A nossa habitação social recria modelos que funcionam mal, como os projects dos EUA - curiosamente, sítios de muito desemprego, muita criminalidade e muito consumo e tráfico de drogas. Habitação social com volumetrias disparatadas, fraco investimento em qualidade de construção e em infra-estruturas de apoio, fraco investimento em projectos de urbanismo decentes, fraco planeamento social e político. Apenas planeamento económico (economicista, melhor dizendo). O barato sai caro.
Não me parece que os exemplos que deu, à excepção de Chelas, sejam maus exemplos, pelo contrário.
Fala em planeamento económico, e que o problema reside na falta de projectos de urbanismo decentes.
Bem, sobre a responsabilidade de integração pelos principais interessados nada disse!!
Os Portugueses que emigraram em condições consideravelmente piores não tiveram o tratamento que os que para cá vem têm, não por isso deixaram de se integrar e adaptar aos Países que os acolheram.
Chamemos os Bois pelos seus nomes...O Estado e a Sociedade não pode ser sempre culpada de todo tipo de comportamento desviante de uns quantos!
Ok, já percebi onde é que nos situamos.
Eu falei de planeamento urbanístico porque, passe a redundância, era já disso que falava no post. Os nossos bairros sociais não são maus? Não são maus a que nível? São bem construídos? São bem planeados? Têm infra-estruturas? Permitem uma partilha do espaço social?
Tirando Chelas, os exemplos que dei não são maus, antes pelo contrário? Chelas bastaria, mas acho que então temos concepções muito diferentes do que é boa e má habitação social. habitação social em volume, para mim, é má. Habitação social em massa, para mim, é má. Habitação social sem ATL para as crianças, para mim, é má.
As pessoas são responsáveis pelos seus actos, mas quando as condições que lhes oferecem já estão viciadas à partida, não se podem esperar milagres.
Não se pode confundir a imigração com a marginalidade e com a criminalidade. Essa é uma associação que aparece muito na boca de populistas de direita, mas que não vinga. A marginalidade e a criminalidade são fenómenos sobretudo de segundas gerações de iigrantes. Portanto, de indivíduos que são "produto" do que cá temos e não dos locais de onde os pais vêm. O imigrante, de uma forma geral, vem para trabalhar. Portugal, com os seus problemas demográficos e económicos precisa de imigrantes. Ponto final, não há volta a dar-lhe. Mais ainda, temos muito orgulho na nossa diáspora, mas quando é a diáspora dos outros já é diferente. A isso chama-se hipocrisia e também é muito comum em populistas de direita (e de esqeurda, já agora).
Um criminoso é um criminoso, um tipo que anda aos tiros no meio da rua não tem desculpa, etc. Mas dizer que as condições não são favoráveis não é desculpar nada. É apenas dizer que se fez um mau trabalho e que isso tem consequências. Dizer que a reinserção social é incipiente, ou que a discriminação e o preconceito existem e condicionam, ou que as condições e salários do trabalho não qualificado afectam a vida familiar, não desculpa nada. Serve simplesmente para dizer que se pode fazer mais e melhor. Vai sempre haver quem não se integre. Vai sempre haver crime. Vai sempre haver preconceito e exclusão. Mas pode-se fazer mais e melhor para minorar as condições que já se sabe, e já se sabia, que favorecem fenómenos de marginalidade e criminalidade. Quando se estuda a criminalidade aprende-se que a ocasião faz o ladrão. O ladrão não deixa de ser ladrão e a vítima não deixa de ter direito à sua integridade e à sua propriedade. Mas inventaram-se os alarmes por alguma razão. Ora, pela mesma lógica, e acho que já me estou a repetir, criando outro tipo de soluções de habitação social talvez ganhemos todos com isso.
Caro Miguel,
“...habitação social em volume, para mim, é má. Habitação social em massa, para mim, é má. Habitação social sem ATL para as crianças, para mim, é má.”
Certamente que muito pode ser melhorado no respeitante à habitação social, mas isso é aplicável a tudo neste País.
“As pessoas são responsáveis pelos seus actos, mas quando as condições que lhes oferecem já estão viciadas à partida, não se podem esperar milagres.”
Milagres ?! não andar de caçadeira em riste não me parece algo extraordinário numa sociedade que se quer civilizada.
“Mas dizer que as condições não são favoráveis não é desculpar nada. É apenas dizer que se fez um mau trabalho e que isso tem consequências. Dizer que a reinserção social é incipiente, ou que a discriminação e o preconceito existem e condicionam, ou que as condições e salários do trabalho não qualificado afectam a vida familiar, não desculpa nada. Serve simplesmente para dizer que se pode fazer mais e melhor. Vai sempre haver quem não se integre.”
Verdade de la Pálisse!!!
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