Como seria de esperar, a direita estrebuchou com a saída de José Manuel Fernandes do Público. Caiu-lhe mal uma declaração de intenções, em forma de editorial, a constatar o óbvio: que o Público se afastou demasiado do jornal de referência que já foi e que é necessário arrepiar caminho se pretende voltar a sê-lo.
Durante a direcção de JMF, o Público perdeu leitores, perdeu colaboradores, perdeu o rigor, perdeu qualidade, perdeu credibilidade e perdeu a vergonha. Dizer que, para os que celebram a saída de JMF, o problema era o seu alinhamento político à direita é um equívoco, ou uma falácia. O problema de JMF, como qualquer pessoa provida de equilíbrio e bom senso atestará, foi o hipotecar um património jornalístico rico e reconhecido em troca de um projecto político (mal) encapotado. O problema de JMF nunca foram os editoriais que escreveu, mas a cultura de subalternização dos princípios deontológicos e éticos do jornalismo em função dos seus interesses ideológicos que implementou.
Para além de tudo o que de mau aconteceu ao Público sob a batuta de JMF, convém relembrar, por exemplo, que, com ele, este foi um jornal onde saber escrever não era um requisito para chegar a editor e onde a fabricação de contextos falsos para encobrir fontes não suscitou quaisquer pudores.
Ninguém aponta o dedo a JMF por ser de direita. Aponta-se-lhe o dedo por ser mau profissional. Somente.
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