domingo, 31 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Gostar de blogues
Apesar de citar apenas as respectivas punch lines, obviamente, para ler tudo:
"O mais curioso é que hoje li blogues portugueses onde se falava sobre a Alemanha e os alemães no mesmo tom em que o Sarrazin fala contra os turcos e os árabes..."
Helena Araújo, no 2 Dedos de Conversa
"Por estranho que pareça, aqui instalada no epicentro da xenofobia, não tenho nenhuma vontade de voltar para o vosso paraíso dos brandos costumes."
Rita Maria, no Boas Intenções
"O mais curioso é que hoje li blogues portugueses onde se falava sobre a Alemanha e os alemães no mesmo tom em que o Sarrazin fala contra os turcos e os árabes..."
Helena Araújo, no 2 Dedos de Conversa
"Por estranho que pareça, aqui instalada no epicentro da xenofobia, não tenho nenhuma vontade de voltar para o vosso paraíso dos brandos costumes."
Rita Maria, no Boas Intenções
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Lamento informar
Esta iniciativa pode ser realmente uma boa ideia. Não se tratando de tomar os contributos como decisões, mas sim como ideias para discussão, o princípio é conhecido há bastante tempo como uma técnica com muito potencial para gerar soluções inovadoras. Se as pessoas que convivem diariamente com os problemas puderem participar, oferecendo a sua experiência e visão de proximidade, às muitas ideias irrealistas poderão corresponder algumas bastante interessantes.
Se o PSD é um partido sem ideias e se desespera por algo a que se agarrar para contrapor ao plano do governo, é uma história completamente diferente.
Na era em que vivemos, com as tecnologias que temos ao nosso dispor, não devemos menosprezar os processos que apelam à participação e envolvimento dos cidadãos e que permitem, de uma forma rápida e pouco dispendiosa, reunir uma quantidade muito considerável de contributos.Passar anos a escrever num blogue e não perceber isto é uma incoerência que me ultrapassa.
Se o PSD é um partido sem ideias e se desespera por algo a que se agarrar para contrapor ao plano do governo, é uma história completamente diferente.
Na era em que vivemos, com as tecnologias que temos ao nosso dispor, não devemos menosprezar os processos que apelam à participação e envolvimento dos cidadãos e que permitem, de uma forma rápida e pouco dispendiosa, reunir uma quantidade muito considerável de contributos.Passar anos a escrever num blogue e não perceber isto é uma incoerência que me ultrapassa.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Escrúpulos
Por estes dias, assiste-se a uma batalha ideológica épica sobre o modelo de sociedade que vamos ter nos próximos anos. O que começou como um golpe para a desregulação dos mercados, rapidamente se transformou num contra-ataque fortíssimo ao Estado Providência. Da condenação da ganância e da ausência de regras e de escrúpulos passámos à condenação da despesa do Estado, mesmo que muita dessa despesa tenha sido feita para salvar o sistema financeiro e tentar travar um colapso económico. No turbilhão dos acontecimentos, a memória não é a capacidade que mais se destaca. E do triângulo formado entre ganância, desregulação e falta de escrúpulos, parece ser a última aquela a que se devia ter dado mais atenção.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Eclipse
As políticas de austeridade propostas pelos paladinos do liberalismo não trarão outra coisa que não um efeito recessivo na economia. Este facto é uma evidência tão forte que não era necessário ver a Irlanda entrar em espiral descendente para o perceber. Mas existem dois aspectos importantíssimos e menos falados que são os efeitos sociais e políticos do liberalismo económico e financeiro.
Quando se facilitam os despedimentos, quando os salários baixos não permitem um nível de vida satisfatório e impedem que os assalariados participem da criação de riqueza na economia, transformando a mobilidade social e económica numa miragem, não se pode esperar um compromisso forte das massas com os projectos políticos. Nestas situações, quando não se tem nada a ganhar e pouco se tem a perder, as fontes de ignição aproximam-se perigosamente do barril de pólvora. Os adeptos do liberalismo económico e financeiro não contam com nada disto. Ou contam, mas optam por resolver estes problemas construindo mais prisões e agravando as penas previstas na lei.
Este liberalismo, tomado por aquilo que nos querem vender, subordina as pessoas aos números, o social e o político ao económico, o económico ao financeiro e a realidade à doutrina. Não garante estabilidade, não garante crescimento e não garante redistribuição da riqueza. Encerra em si os fundamentos para eclipsar em poucos meses o que precisou de 100 anos e duas guerras mundiais para poder ser construído.
Quando se facilitam os despedimentos, quando os salários baixos não permitem um nível de vida satisfatório e impedem que os assalariados participem da criação de riqueza na economia, transformando a mobilidade social e económica numa miragem, não se pode esperar um compromisso forte das massas com os projectos políticos. Nestas situações, quando não se tem nada a ganhar e pouco se tem a perder, as fontes de ignição aproximam-se perigosamente do barril de pólvora. Os adeptos do liberalismo económico e financeiro não contam com nada disto. Ou contam, mas optam por resolver estes problemas construindo mais prisões e agravando as penas previstas na lei.
Este liberalismo, tomado por aquilo que nos querem vender, subordina as pessoas aos números, o social e o político ao económico, o económico ao financeiro e a realidade à doutrina. Não garante estabilidade, não garante crescimento e não garante redistribuição da riqueza. Encerra em si os fundamentos para eclipsar em poucos meses o que precisou de 100 anos e duas guerras mundiais para poder ser construído.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Legitimar o lixo
Ainda há quem tenha paciêcia para desmontar os textos de João César das Neves. Ainda há quem tenha paciência para ler o DN. Há gente para tudo. Mas desmontar os textos de JCN, actividade à qual me dediquei vezes mais que suficientes, incorpora um equívoco. JCN não opera no mercado da produção intelectual de textos para o DN. O seu negócio é o do entretenimento puro e simples. Mais não faz, e disso terá toda a consciência, que ninguém duvide, do que ocupar o lugar do número de circo, do maluquinho da aldeia, do bobo da corte. Desmontar os textos de JCN representa, sobretudo, elevá-los a uma categoria da qual a sua substância argumentativa não os torna merecedores e coloca-os num patamar onde obviamente não pertencem.
Os temas de JCN não mudam e o efeito sobre o leitor apenas surge pelo choque. Como a repetição esbate a novidade e instaura a rotina e o desinteresse, torna-se necessário, para continuar a prender leitores, aumentar a parada. O problema é que neste registo a parada só aumenta com uma radicalização permanente das ideias e do discurso. E é esta a principal razão, se não a única, pela qual JCN escreve textos cada vez mais desligados da realidade e do bom senso.
É perfeitamente irrelevante tentar perceber o pseudo-conceito "totalitarismo do orgasmo", cunhado esta segunda-feira. E não vale sequer o esforço de tentar explicar as mil e uma razões que fazem dos textos de JCN um poço de falácias. Existe talvez a responsabilidade de alertar para os perigos de se tomar uma coisa escrita pelo que ela não é, mas isso faz parte do trabalho de educação para a literacia e não precisa certamente dos textos de JCN como ilustração ou case study. Arranjam-se melhores desafios com facilidade.
De facto, o problema dos textos de JCN não reside tanto nas falácias e mentiras que encerram. O maior problema com os textos de JCN é que um jornal que se diz de referência não pode dar-se ao luxo de publicar o lixo do maluquinho da aldeia ou do bobo da corte. Não se empresta legitimidade ao lixo a troco de mais uns exemplares vendidos. Aliás, é muito duvidoso que JCN traga leitores ao DN. A maior parte das pessoas que se dedicam a ler os seus textos fazem-no por curiosidade mórbida e não pelo prazer da leitura ou pelo estímulo intelectual. Se o DN substituir JCN e entregar o seu espaço a alguém que, independentemente de se posicionar à esquerda ou à direita e de ser católico ou ateu, respeite o princípio elementar da honestidade intelectual, todos saem a ganhar.
Os temas de JCN não mudam e o efeito sobre o leitor apenas surge pelo choque. Como a repetição esbate a novidade e instaura a rotina e o desinteresse, torna-se necessário, para continuar a prender leitores, aumentar a parada. O problema é que neste registo a parada só aumenta com uma radicalização permanente das ideias e do discurso. E é esta a principal razão, se não a única, pela qual JCN escreve textos cada vez mais desligados da realidade e do bom senso.
É perfeitamente irrelevante tentar perceber o pseudo-conceito "totalitarismo do orgasmo", cunhado esta segunda-feira. E não vale sequer o esforço de tentar explicar as mil e uma razões que fazem dos textos de JCN um poço de falácias. Existe talvez a responsabilidade de alertar para os perigos de se tomar uma coisa escrita pelo que ela não é, mas isso faz parte do trabalho de educação para a literacia e não precisa certamente dos textos de JCN como ilustração ou case study. Arranjam-se melhores desafios com facilidade.
De facto, o problema dos textos de JCN não reside tanto nas falácias e mentiras que encerram. O maior problema com os textos de JCN é que um jornal que se diz de referência não pode dar-se ao luxo de publicar o lixo do maluquinho da aldeia ou do bobo da corte. Não se empresta legitimidade ao lixo a troco de mais uns exemplares vendidos. Aliás, é muito duvidoso que JCN traga leitores ao DN. A maior parte das pessoas que se dedicam a ler os seus textos fazem-no por curiosidade mórbida e não pelo prazer da leitura ou pelo estímulo intelectual. Se o DN substituir JCN e entregar o seu espaço a alguém que, independentemente de se posicionar à esquerda ou à direita e de ser católico ou ateu, respeite o princípio elementar da honestidade intelectual, todos saem a ganhar.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Ética: modo de não usar
O jornalista que o Público escolheu para comentar o apoio do PS à candidatura presidencial de Manuel Alegre é o mesmo homem que os assessores de Cavaco usaram para plantar o caso das escutas em Belém. O Público, após José Manuel Fernandes, continua a não querer perceber que para ser respeitado tem que se dar ao respeito.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Esclarecimento
Eu se não apareço por aqui com mais frequência é porque ando demasiado ocupado a tentar impedir que o país vá pelo cano.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Santa ignorância
Um texto escrito por uma pessoa que não percebe nada do que está a dizer.
Outro texto escrito por uma pessoa que não percebe nada do que está a dizer.
Outro texto escrito por uma pessoa que não percebe nada do que está a dizer.
Frasquilhices
Ficámos a saber que o BES emprega um funcionário com um sentido patriótico muito apurado. Miguel Frasquilho coloca o interesse patriótico à frente de tudo o resto e não hesita em fornecer informações adulteradas em nome da instituição para a qual trabalha de forma a não prejudicar o fluxo de investimentos em solo português. Isto porque as convicções de Miguel Frasquilho são, como ele disse, as que expressa como deputado na AR, que se afastam diametralmente do que subscreveu no BES. Aguarda-se para breve o mais que justo inquérito disciplinar promovido pela entidade patronal.
A realidade será, obviamente, outra. O BES não vai preocupar-se em apurar a fiabilidade das informações assinadas por Frasquilho - os patrões de Frasquilho terão as informações e garantias necessárias para aferir que não são eles que estão a ser enganados. OS eleitores, pelo seu lado, desconfiam bem que não deve ser nos trabalhos que assina pelo BES, e pelos quais aufere o seu vencimento, que Frasquilho mente. E, não podendo proceder a inquéritos, não deixam de ter nas suas mãos a sanção disciplinar adequada sempre e de cada vez que Miguel Frasquilho se apresente a votos.
A realidade será, obviamente, outra. O BES não vai preocupar-se em apurar a fiabilidade das informações assinadas por Frasquilho - os patrões de Frasquilho terão as informações e garantias necessárias para aferir que não são eles que estão a ser enganados. OS eleitores, pelo seu lado, desconfiam bem que não deve ser nos trabalhos que assina pelo BES, e pelos quais aufere o seu vencimento, que Frasquilho mente. E, não podendo proceder a inquéritos, não deixam de ter nas suas mãos a sanção disciplinar adequada sempre e de cada vez que Miguel Frasquilho se apresente a votos.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Cavadela, minhoca
Chamar discurso às verbalizações de Cavaco é um manifesto exagero. A propósito da promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o actual inquilino de Belém presenteou-nos com mais um hino à ausência de discernimento e de cultura, actividade na qual é prolífico como em nenhuma outra.
Hoje
Hoje há portugueses com muito boas razões para se sentirem felizes. É um dia bom.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Fórmula de sucesso
Para alguns especialistas de café, a solução milagrosa para os males do país passa sempre pela redução de salários. O Estado gasta muito? Corta-se nos salários. O país não é economicamente competitivo? Corta-se nos salários. Era importante que alguém explicasse devagarinho a estas pessoas que, se a ideia é concorrer pela óptica dos salários baixos, é preciso reduzir até aos níveis pagos na Índia e na China ou, para ficarmos mais perto, na Europa de Leste. Aí sim, teríamos empresas verdadeiramente competitivas que comercializariam produtos e serviços que as famílias não teriam dinheiro para comprar. Um sucesso...
O alvo
Existe uma grande diferença entre reconhecer que o Estado gasta muito dinheiro com as remunerações dos seus funcionários e, dessa constatação, concluir que o Estado gasta demasiado dinheiro com remunerações. Portugal não é um país de salários elevados para o trabalhador médio. Aliás, onde o país se destaca com remunerações acima da média europeia é nos altos cargos dirigentes e nos altos cargos de gestão. É verdade que o vencimento médio dos funcionários públicos é superior ao vencimento médio nacional, mas é preciso ter em conta que o salário médio nacional faz corar de vergonha qualquer cidadão da Europa central. Para se aceitar que o Estado gasta demasiado dinheiro com remunerações torna-se necessário que fique demonstrado que paga demasiado, ou que paga a demasiados, e que poderia fazer o mesmo, com a mesma eficácia, por menos dinheiro. Lamentavelmente para os arautos do corte a direito na função pública, um funcionalismo público bem pago e qualificado sempre foi um dos sinais de um Estado forte e desenvolvido. Ou, vistas bem as coisas, talvez seja precisamente esse o alvo a atacar.
Embirrar
Há quem embirre com a Administração Pública e com os seus funcionários. E há quem leve essa embirração a níveis irracionais. Só assim se entende que se defenda que os funcionários públicos são as únicas pessoas na Europa que "vivem à margem da crise que varre o país e a Europa". Isto seria verdade se os funcionários públicos não descontassem para o IRS, como toda a gente, e não fossem também eles afectados pelas alterações anunciadas ontem. As medidas anunciadas por Sócrates são duríssimas, injustas e, até certo ponto, eventualmente contraproducentes. Mas, tirando as PME, tocam a quase todos. Reduzir os salários da função pública prejudicaria um único grupo de profissionais, sem quaisquer critérios de rigor e justiça social.
Não perceber
O que Mário Soares disse ao El País foi que a melhor arma para combater o terrorismo é o humanismo e o diálogo possível. Ou seja, uma política externa que respeite a dignidade do ser humano e os seus direitos e um diálogo com os sectores sociais e políticos como forma de diminuir ou erradicar as bases de apoio popular do terrorismo. Não falou em dialogar com terroristas, muito menos em negociar o que quer que seja. Pode ser que o Jorge Costa não perceba a língua dos nossos vizinhos. Ou pode ser que, simplesmente, não perceba.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Para começo de discussão
Dois posts absolutamente imperdíveis sobre o 1º de Maio em Berlim:
Notícias ao fim da tarde
Ontem em Berlim
Às perguntas que a Helena já levantou, eu juntaria mais duas. Deve a democracia acolher no seu seio as mais reaccionárias e violentas forças anti-democráticas? Devem a cidade de Berlim, a Alemanha e a Europa assistir impávidas enquanto o neo-nazismo se passeia pelas suas ruas?
Notícias ao fim da tarde
Ontem em Berlim
Às perguntas que a Helena já levantou, eu juntaria mais duas. Deve a democracia acolher no seu seio as mais reaccionárias e violentas forças anti-democráticas? Devem a cidade de Berlim, a Alemanha e a Europa assistir impávidas enquanto o neo-nazismo se passeia pelas suas ruas?
quinta-feira, 29 de abril de 2010
O não-caso
Os únicos pontos que merecem discussão naquilo a que os jornais ingleses decidiram baptizar como Bigotgate são a legitimidade - ou falta dela, para ser mais correcto - e a impunidade dos órgãos de comunicação social no tratamento da conversa particular mantida entre Gordon Brown e um elemento da sua equipa de campanha. Muito mais importante do que discutir se a eleitora que interpelou Brown tem razão no que disse ou se o comentário do primeiro-ministro pode ser considerado ofensivo, é reflectir sobre os limites que todos os dias são ultrapassados por uma comunicação social ávida de sangue para as manchetes e para o horário nobre, indiferente ao mau serviço que presta ao jornalismo e à democracia.
Helen Keller School of Economics
Vão-se multiplicando os conselhos que, para vencer a crise, propõem cortes ou congelamentos salariais e redução dos apoios sociais. Apesar do contentamento demonstrado pelas associações patronais, não é preciso um mestrado em Economia para perceber os efeitos nefastos que estas medidas trazem para as famílias. Quando o consumo se retrair brutalmente e as pessoas deixarem de ser capazes de pagar os créditos que contraíram, é todo o sistema económico português que entra em colapso. Enganam-se todos os que pensam o contrário ou que acreditam que uma sociedade pobre e sem esperança é solo propício para consolidação orçamental e uma economia forte.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
How to lose friends and alienate people
Este post parece ter despertado algumas invejas. Não é caso para tanto. Já se sabe, uns dias correm melhor do que outros. Hoje, por exemplo, a água do mar não estava tão boa como ontem.
Demagogia por demagogia
Uma União Europeia a duas velocidades e que fragilize a moeda única é inaceitável. A Alemanha deve abandonar o Euro.
Admirável Mundo Novo (2)
"(O)s Livros do Dia são da responsabilidade das editoras, pelo que só poderemos divulgar a informação que nos for transmitida pelas mesmas."
Nada a que o frequentador do site da Feira nos últimos anos não esteja já tristemente habituado. Por muito que se goste de livros e da sua Feira e se queira elogiar, organização e editoras não tornam a tarefa fácil.
Nada a que o frequentador do site da Feira nos últimos anos não esteja já tristemente habituado. Por muito que se goste de livros e da sua Feira e se queira elogiar, organização e editoras não tornam a tarefa fácil.
Admirável Mundo Novo
O site oficial da 80ª Feira do Livro de Lisboa informa que "brevemente" estará disponível. Como estamos a menos de 24 horas da abertura, calcula-se que o "brevemente", de facto, queira dizer "amanhã". Mas nem tudo está perdido. A Feira do Livro tem página no Facebook. E aí o Sherlock Holmes que habita em cada um de nós rejubila ao confirmar que "o site da Feira do Livro estará online a partir de amanhã".
Alguém explique a esta gente que o século XXI começou há quase uma década e que não é para isto que servem a internet e as redes sociais.
Alguém explique a esta gente que o século XXI começou há quase uma década e que não é para isto que servem a internet e as redes sociais.
terça-feira, 27 de abril de 2010
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Dúvidas diplomáticas
É natural e comum um chefe de Estado enxovalhar os órgãos de soberania de outro país enquanto recebe o chefe de Estado desse mesmo país? É natural e comum que o segundo reaja com silêncio e depois candura e compreensão aos ataques do primeiro?
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Um duplo erro
No mercado de trabalho, a relação de poder pende favoravelmente para as entidades empregadoras. Se não fosse por outras razões, o simples facto de haver mais procura do que oferta de empregos chegaria para compreender o que se passa. A isto junta-se uma realidade económica e social que penaliza fortemente o desemprego. O desempregado sofre um estigma social enorme, perde poder de compra e vê piorar, com o passar do tempo, as probabilidades de conseguir outro emprego.
Muito embora a retórica demagógica de direita equipare o desemprego subsidiado à preguiça, a verdade é que a maior parte das pessoas nessa situação preferiria encontrar um emprego decente e dignamente remunerado a passar os seus dias a olhar para as paredes do quarto. Como quanto mais tempo se passa desempregado mais baixa é a probabilidade de se ultrapassar essa situação, com o passar dos meses - por vezes, com o passar dos anos -, o desespero e a desmotivação aumentam exponencialmente. O subsídio de desemprego pode durar, no máximo, sensivelmente três anos, mas um crédito automóvel chega facilmente aos cinco ou seis anos e um crédito habitação pode ir até aos quarenta anos. A prazo, a verdade é que as necessidades financeiras pressionam qualquer desempregado.
Há uma razão social e moral para existirem protecções como o subsídio de desemprego, o rendimento social de inserção, o salário mínimo e as cargas horárias máximas de trabalho. Sem este tipo de bases mínimas, as pressões sobre todos os que procuram emprego conduziriam a uma espiral descendente da oferta de condições pelos empregadores. Medidas como estas destinam-se a introduzir patamares de justiça e dignidade abaixo dos quais a sociedade não reconhece legitimidade moral às condições de vida proporcionadas aos seus membros.
A liderança de Pedro Passos Coelho escolheu, simbólica e sintomaticamente, começar por atacar os mais fracos. Por uma questão de justiça e de modelo social e cultural, nunca deveria ganhar a oportunidade de implementar as violentas medidas que preconiza. Neste momento, com 10% de taxa de desemprego e com muitos mais portugueses que não sabem o dia de amanhã, são pelo menos 500.000 eleitores com boas razões para não votarem PSD. O tiro de partida de Passos Coelho revela, afinal, não ser mais do que um erro social e político.
Muito embora a retórica demagógica de direita equipare o desemprego subsidiado à preguiça, a verdade é que a maior parte das pessoas nessa situação preferiria encontrar um emprego decente e dignamente remunerado a passar os seus dias a olhar para as paredes do quarto. Como quanto mais tempo se passa desempregado mais baixa é a probabilidade de se ultrapassar essa situação, com o passar dos meses - por vezes, com o passar dos anos -, o desespero e a desmotivação aumentam exponencialmente. O subsídio de desemprego pode durar, no máximo, sensivelmente três anos, mas um crédito automóvel chega facilmente aos cinco ou seis anos e um crédito habitação pode ir até aos quarenta anos. A prazo, a verdade é que as necessidades financeiras pressionam qualquer desempregado.
Há uma razão social e moral para existirem protecções como o subsídio de desemprego, o rendimento social de inserção, o salário mínimo e as cargas horárias máximas de trabalho. Sem este tipo de bases mínimas, as pressões sobre todos os que procuram emprego conduziriam a uma espiral descendente da oferta de condições pelos empregadores. Medidas como estas destinam-se a introduzir patamares de justiça e dignidade abaixo dos quais a sociedade não reconhece legitimidade moral às condições de vida proporcionadas aos seus membros.
A liderança de Pedro Passos Coelho escolheu, simbólica e sintomaticamente, começar por atacar os mais fracos. Por uma questão de justiça e de modelo social e cultural, nunca deveria ganhar a oportunidade de implementar as violentas medidas que preconiza. Neste momento, com 10% de taxa de desemprego e com muitos mais portugueses que não sabem o dia de amanhã, são pelo menos 500.000 eleitores com boas razões para não votarem PSD. O tiro de partida de Passos Coelho revela, afinal, não ser mais do que um erro social e político.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Tão simples como isto
Quem quer acompanhar a visita de Bento XVI a Portugal devia tirar dias de férias para fazê-lo.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Lógica social
Que o PSD de Passos Coelho queira cortar nos apoios sociais do Estado, é uma questão ideológica. Que não perceba que as pessoas acedem aos apoios sociais como o subsídio de desemprego porque têm carreira contributiva, já é uma questão de lógica. Ou da falta dela. Quando se desconta para a Segurança Social ganha-se o direito de ser assistido num momento de necessidade. A contribuição está feita. Não há nada a devolver. De quem não percebe este princípio simples do funcionamento do Estado social não se pode esperar boa coisa.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Violento e destrutivo
Pedro Arroja, pessoa para a qual parecem sempre faltar adjectivos adequados, conseguiu a proeza de colocar meia blogosfera a reagir a mais uma das suas inanidades. Num post que é todo ele uma falácia, merecem especial atenção estes dois parágrafos:
"Um homem que seja verdadeiramente um homem, um homem heterossexual, nunca deseja que o mundo morra consigo. Esse homem deixa, em princípio, filhos e aquilo que ele deseja é que, à sua morte, o mundo seja pacífico e próspero, porque esse é o seu desejo para os seus filhos.
É diferente com um homossexual. Depois dele, não há nada. Não faz diferença nenhuma que o mundo morra com ele. Os homossexuais são, por isso, pessoas potencialmente violentas, os destruidores por excelência."
O principal aspecto que sobressai nestas frases é a instrumentalização utilitarista da reprodução sexual como factor gerador de interesse pelo futuro do mundo. Arroja não reconhece, ou recusa reconhecer, o homossexual como um ser dotado de capacidade moral. Na realidade, dentro do seu raciocínio, ou da forma tosca como o expõe, nem aos heterossexuais reconhece essa capacidade.
Por um lado, ao ligar o interesse pelo futuro do mundo ao interesse imediato com o futuro dos filhos, apaga-se toda a riquíssima teia de relacionamentos humanos e afectos gerados pela proximidade. Mas quem não deixa filhos pode deixar pais, irmãos, cônjuges, amantes e amigos. O interesse pelo futuro destas pessoas é, obviamente, também o interesse pelo futuro do mundo. Negar ou não reconhecer esta realidade é negar a humanidade destas relações.
Mas ainda que uma pessoa não deixe família ou amigos, é preciso recusar-lhe toda e qualquer capacidade de julgamento moral, de distinção entre o bem e o mal, para não lhe atribuir nenhum interesse pelo futuro do mundo. Para Pedro Arroja, o homossexual e o heterossexual sem filhos são pessoas sem capacidade para se relacionarem com a restante humanidade. O sofrimento alheio não lhes diria nada, uma vez que tudo se resume ao interesse utilitarista com a prole.
Ao negar-se a uma pessoa a capacidade de relacionamento com a humanidade, nega-se a própria humanidade dessa pessoa e, acto contínuo, decreta-se a sua exclusão dessa comunidade. Temos, assim, um mundo de pessoas de primeira e pessoas de segunda - semi-pessoas ou mesmo não-pessoas.
O palavreado de Pedro Arroja faz as delícias de fanáticos e fundamentalistas e encerra em si tudo o que pretende atacar. É violento e destrutivo, preconceituoso, segregacionista e, haja coragem para o afirmar, potencialmente genocida. Os grandes massacres do século XX não começaram de forma muito diferente.
"Um homem que seja verdadeiramente um homem, um homem heterossexual, nunca deseja que o mundo morra consigo. Esse homem deixa, em princípio, filhos e aquilo que ele deseja é que, à sua morte, o mundo seja pacífico e próspero, porque esse é o seu desejo para os seus filhos.
É diferente com um homossexual. Depois dele, não há nada. Não faz diferença nenhuma que o mundo morra com ele. Os homossexuais são, por isso, pessoas potencialmente violentas, os destruidores por excelência."
O principal aspecto que sobressai nestas frases é a instrumentalização utilitarista da reprodução sexual como factor gerador de interesse pelo futuro do mundo. Arroja não reconhece, ou recusa reconhecer, o homossexual como um ser dotado de capacidade moral. Na realidade, dentro do seu raciocínio, ou da forma tosca como o expõe, nem aos heterossexuais reconhece essa capacidade.
Por um lado, ao ligar o interesse pelo futuro do mundo ao interesse imediato com o futuro dos filhos, apaga-se toda a riquíssima teia de relacionamentos humanos e afectos gerados pela proximidade. Mas quem não deixa filhos pode deixar pais, irmãos, cônjuges, amantes e amigos. O interesse pelo futuro destas pessoas é, obviamente, também o interesse pelo futuro do mundo. Negar ou não reconhecer esta realidade é negar a humanidade destas relações.
Mas ainda que uma pessoa não deixe família ou amigos, é preciso recusar-lhe toda e qualquer capacidade de julgamento moral, de distinção entre o bem e o mal, para não lhe atribuir nenhum interesse pelo futuro do mundo. Para Pedro Arroja, o homossexual e o heterossexual sem filhos são pessoas sem capacidade para se relacionarem com a restante humanidade. O sofrimento alheio não lhes diria nada, uma vez que tudo se resume ao interesse utilitarista com a prole.
Ao negar-se a uma pessoa a capacidade de relacionamento com a humanidade, nega-se a própria humanidade dessa pessoa e, acto contínuo, decreta-se a sua exclusão dessa comunidade. Temos, assim, um mundo de pessoas de primeira e pessoas de segunda - semi-pessoas ou mesmo não-pessoas.
O palavreado de Pedro Arroja faz as delícias de fanáticos e fundamentalistas e encerra em si tudo o que pretende atacar. É violento e destrutivo, preconceituoso, segregacionista e, haja coragem para o afirmar, potencialmente genocida. Os grandes massacres do século XX não começaram de forma muito diferente.
domingo, 4 de abril de 2010
Spin
Há uns anos, o Bloguítica era um blogue que se dedicava a fazer análise política. Hoje em dia é um blogue se dedica a fazer combate político. Opção perfeitamente legítima, claro, e que nem sequer merece comentário adicional, mas que ajuda a enquadrar o último post do Paulo Gorjão. As declarações de Francisco Assis referem-se a um determinado contexto e as de Ricardo Rodrigues referem-se a outro completamente distinto. Algo razoavelmente simples de entender e que, com toda a certeza, não baralha ninguém. A pergunta que deve ser feita é se as notícias que têm vindo a público sobre o negócio dos submarinos, adquiridos no tempo do governo Durão/Portas, justificam, ou podem vir a justificar, uma comissão parlamentar de inquérito. O resto é spin.
quarta-feira, 31 de março de 2010
Certo, certíssimo
A polémica aquisição dos submarinos foi levada a cabo, em 2004, pela coligação PSD-PP. O Bloco de Esquerda, que "sempre alertou para a necessidade de 'transparência' em relação a este negócio" e se mostra "muito preocupado" e interessado na "busca da verdade", pede esclarecimentos rápidos ao governo PS. Faz todo o sentido.
Responsabilidade
Regressando aos temas da actualidade, um dos incontornáveis é o da pedofilia. A Igreja Católica, a este propósito, tem sido atacada por muitos lados, mas convém dizer claramente que, igualmente muitas vezes, de forma injusta. O problema que se coloca à Igreja não é o dos casos de padres pedófilos, da mesma forma que o problema que se coloca à política não é o dos políticos corruptos. Tanto a uma como a outra, as questões maiores que enfrentam são a do encobrimento e da impunidade.
Não é fácil conceber como um Estado de direito democrático pode, de forma aceitável, erradicar o crime - assuma ele a forma de pedofilia, tráfico de droga, homicídio, ou outra qualquer. Evidentemente, o sofrimento de uma só criança que seja é intolerável. Na ausência de informação que corrobore a ideia (com quase toda a probabilidade, errada) de que o celibato contribui de alguma forma para a pedofilia, importa compreender que esta última surge essencialmente ligada à figura da autoridade. Quer seja no meio familiar, quer seja em meios de socialização secundária, como escolas, orfanatos ou grupos religiosos, o que está em causa é a relação que se constitui entre os abusadores e as suas vítimas, uma relação de poder em que os primeiros o exercem quase na exclusividade. Podemos, eventualmente, discutir os méritos e deméritos deste tipo de relação para a formação da personalidade de uma criança. Mas isso, no âmbito do tema dos escândalos de pedofilia que têm visto a luz do dia, é iludir o principal. O que deve, em primeiro lugar, merecer atenção não é como foi isto acontecer, mas como foi possível conservar o silêncio tanto tempo.
Como foi possível encobrir e proteger crimes desta natureza? Como foi possível que ninguém tivesse sido responsabilizado judicialmente? Discutir a existência de uma crime numa sociedade livre é, muitas vezes, discutir o sexo dos anjos. O que se espera de uma democracia é o debate permanente e sem preconceitos dos seus processos de responsabilidade e responsabilização individual.
Não é fácil conceber como um Estado de direito democrático pode, de forma aceitável, erradicar o crime - assuma ele a forma de pedofilia, tráfico de droga, homicídio, ou outra qualquer. Evidentemente, o sofrimento de uma só criança que seja é intolerável. Na ausência de informação que corrobore a ideia (com quase toda a probabilidade, errada) de que o celibato contribui de alguma forma para a pedofilia, importa compreender que esta última surge essencialmente ligada à figura da autoridade. Quer seja no meio familiar, quer seja em meios de socialização secundária, como escolas, orfanatos ou grupos religiosos, o que está em causa é a relação que se constitui entre os abusadores e as suas vítimas, uma relação de poder em que os primeiros o exercem quase na exclusividade. Podemos, eventualmente, discutir os méritos e deméritos deste tipo de relação para a formação da personalidade de uma criança. Mas isso, no âmbito do tema dos escândalos de pedofilia que têm visto a luz do dia, é iludir o principal. O que deve, em primeiro lugar, merecer atenção não é como foi isto acontecer, mas como foi possível conservar o silêncio tanto tempo.
Como foi possível encobrir e proteger crimes desta natureza? Como foi possível que ninguém tivesse sido responsabilizado judicialmente? Discutir a existência de uma crime numa sociedade livre é, muitas vezes, discutir o sexo dos anjos. O que se espera de uma democracia é o debate permanente e sem preconceitos dos seus processos de responsabilidade e responsabilização individual.
Das férias 2
Porque um blogue também serve para estas coisas, seria uma enorme injustiça se não aproveitasse este espaço para o elogio dos anfitriões. Podia dizer que já não há pessoas assim, mas não estaria a ser sério. Os membros mais novos da família provam não só que continua e continuará a haver pessoas assim, como que quem sai aos seus não degenera. Onde vai aquela gente buscar a energia para levar a vida preenchida que tem e ainda acomodar e apaparicar três hóspedes durante quase duas semanas é algo que ainda me escapa. Suspeito que tenha algo a ver com muesli e comida biológica. Isso e o coração desmesurado que têm no meio do peito a bombear-lhes, em doses iguais, oxigénio e carinho.
Das férias
Há dois tipos de férias. Aquelas em que vamos para locais um bocadinho piores que o nosso e aquelas em que vamos para locais um bocadinho melhores que o nosso. Nestas duas semanas de ausência, optei pelo segundo tipo. E cunhei um novo termo para uso pessoal: turismo político. Visitar cidades e países onde as instituições sociais e políticas funcionam de uma forma que suscita uma certa inveja.
domingo, 14 de março de 2010
Um partido com humor, mesmo que involuntário
O PSD, que anda há ano e meio com a "asfixia democrática" na boca, aprovou uma alteração de estatutos que impede a crítica política interna. Faltar à lealdade para com o programa, estatutos, directrizes e regulamentos do partido pode dar direito a suspensão ou expulsão. A proposta, que já de si é bastante ridícula, surge num timing perfeitamente anedótico.
sexta-feira, 12 de março de 2010
Coisas que me escapam
O celibato potencia a pedofilia porque...?
Uma reflexão e uma pergunta
Para reflectir: este pequeno texto de João Lopes.
A pergunta: as lógicas que presidem ao debate político nos blogues são muito diferentes do que está a acontecer ao debate político nas televisões?
A pergunta: as lógicas que presidem ao debate político nos blogues são muito diferentes do que está a acontecer ao debate político nas televisões?
Trade-off
Foi lançada uma petição pelo cinema português. Do diagnóstico ali feito ao estado do cinema em Portugal, parecem-me faltar dois pontos bastante relevantes. Mesmo dando por garantido que sem dinheiro dificilmente há milagres (com honrosas excepções), faltou dizer que há projectos de qualidade abaixo de sofrível nos quais é obsceno injectar dinheiro de quem quer que seja sem serem os próprios promotores. E faltou equacionar o espectador como fonte de receitas que viabilizem os projectos para lá dos apoios públicos.
Isto dito, e concordando com as boas intenções expressas, gostaria de ver satisfeito apenas um desejo antes de juntar o meu nome ao das quase 850 pessoas que assinaram a petição até este momento. Como é de dinheiros públicos que falamos, gostaria que os promotores desta petição abrissem as portas das suas produtoras, já na próxima segunda-feira, às inspecções das Finanças, da Segurança Social e da ACT. Façam-me esta gentileza e eu assino na própria hora.
Isto dito, e concordando com as boas intenções expressas, gostaria de ver satisfeito apenas um desejo antes de juntar o meu nome ao das quase 850 pessoas que assinaram a petição até este momento. Como é de dinheiros públicos que falamos, gostaria que os promotores desta petição abrissem as portas das suas produtoras, já na próxima segunda-feira, às inspecções das Finanças, da Segurança Social e da ACT. Façam-me esta gentileza e eu assino na própria hora.
terça-feira, 9 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Género
Porque ainda há muito quem não saiba a diferença entre as duas coisas, e porque hoje o dia se proporciona a isso, aqui fica uma pequena clarificação. As diferenças de sexo são biologicamente determinadas. As diferenças de género são socialmente definidas. O género é um conceito empregue pelas ciências sociais, não é um tique linguístico desprovido de conteúdo, como por vezes se quer fazer passar. Desvalorizar ou ridicularizar o uso do termo revela apenas ignorância e preconceitos.
Declaração de voto
Cavaco quer recandidatar-se a Belém? Sou contra.
domingo, 7 de março de 2010
Apostas arriscadas
"(O) Público distinguiu-se por ser um jornal com alma, com emoção, por fazer um jornalismo frontal, mesmo quando para isso passou por apostas editoriais e informativas arriscadas."
José Manuel Fernandes, condensando 11 anos à frente do Público num fantástico eufemismo.
José Manuel Fernandes, condensando 11 anos à frente do Público num fantástico eufemismo.
sábado, 6 de março de 2010
sexta-feira, 5 de março de 2010
Nos 20 anos do Público
Três perguntas:
- É muito difícil garantir regularmente um jornal com o nível de conteúdos da edição de hoje?
- Luciano Alvarez ainda é editor de política do jornal?
- Quanto tempo se pode ser editor no Público sem saber escrever português?
- É muito difícil garantir regularmente um jornal com o nível de conteúdos da edição de hoje?
- Luciano Alvarez ainda é editor de política do jornal?
- Quanto tempo se pode ser editor no Público sem saber escrever português?
quarta-feira, 3 de março de 2010
Sexismo explícito é isto
Segundo o Público, a Apple acaba de lançar uma aplicação para o iPhone que pode ser usada por "todos os maridos que enganam as mulheres". Ficamos ansiosamente à espera do dia em que o Público noticie uma aplicação concebida para mulheres que enganam os maridos.
terça-feira, 2 de março de 2010
Estado de direito
O ataque aos direitos, liberdades e garantias, por natureza, mina os fundamentos do estado de direito. Quando não se respeita a fronteira entre o domínio público e o domínio privado, quando é a intolerância política a pautar a agenda, quando se reduz o outro a uma caricatura maniqueísta, quando se incentiva e premeia a delação, a sociedade que daí resulta vê destruída a rede que confere a cada um dos seus membros a segurança básica para participar na vida cívica. Há quem alimente este estado de coisas por interesses políticos, há quem o faça por interesses económicos e há quem o faça por manifesta falta de inteligência para perceber uns e outros. No meio da histeria, fala-se em sistemas de videovigilância, em acabar com sigilos profissionais e em tornar públicos os rendimentos privados. Viola-se grosseiramente a presunção de inocência e o direito à privacidade em troca de algo que até pode ser a justiça das milícias, mas nunca a justiça de um estado de direito democrático. É mais saudável a sociedade que aceita os preços da liberdade do que aquela na qual ninguém está a salvo da espionagem e da coacção.
Sarjeta
Um dos meus professores na faculdade, para ilustrar a importância do sentimento de proximidade social como factor de percepção do conteúdo das notícias, costumava dizer que lhe passavam sempre ao lado as notícias sobre crimes de sangue, excepto se a vítima fosse docente do ensino superior. Dentro desta lógica, a manchete de hoje do jornal i tem tudo para captar a atenção de quem escreve e acompanha blogues.
Rapidamente se percebe, lendo o Jumento, mas também o Eduardo Pitta e o Tomás Vasques, entre outros, que o texto assinado por Paulo Pinto Mascarenhas é tudo menos trabalho de jornalismo. São sonegados e deturpados factos relevantes e atenta-se contra o direito à privacidade a troco de umas letras gordas para vender papel.
Há dias, o jornal Metro avançou com uma capa que é outro marco histórico da degradação da objectividade e sentido crítico no meio jornalístico. Tanto no caso do Metro como no do i, temos artigos com direito a manchete na capa do jornal, o que implica o compromisso de muito mais do que o autor da peça. Uma capa não se define à revelia dos editores e do director da publicação. Num e noutro caso, foi toda uma equipa que contribuiu de forma activa e consciente para um resultado que serve apenas o propósito de desinformação que tem vindo a instalar-se na comunicação social.
A ética e o profissionalismo das redacções estão na sarjeta.
Rapidamente se percebe, lendo o Jumento, mas também o Eduardo Pitta e o Tomás Vasques, entre outros, que o texto assinado por Paulo Pinto Mascarenhas é tudo menos trabalho de jornalismo. São sonegados e deturpados factos relevantes e atenta-se contra o direito à privacidade a troco de umas letras gordas para vender papel.
Há dias, o jornal Metro avançou com uma capa que é outro marco histórico da degradação da objectividade e sentido crítico no meio jornalístico. Tanto no caso do Metro como no do i, temos artigos com direito a manchete na capa do jornal, o que implica o compromisso de muito mais do que o autor da peça. Uma capa não se define à revelia dos editores e do director da publicação. Num e noutro caso, foi toda uma equipa que contribuiu de forma activa e consciente para um resultado que serve apenas o propósito de desinformação que tem vindo a instalar-se na comunicação social.
A ética e o profissionalismo das redacções estão na sarjeta.
segunda-feira, 1 de março de 2010
Esguichos de Miguel Silva
Concluindo, a emancipação da mulher e o planeamento familiar dão cabo da natalidade (os baixos salários e a precariedade laboral são conceitos estranhos ao senhor tenente-coronel piloto aviador). A imigrantada vem dar-nos cabo do país. Gastamos dinheiro estupidamente com desempregados, toxicodependentes e presidiários e ainda queremos impor a educação sexual nas escolas. Mas, acima de tudo, o que indigna o senhor tenente-coronel piloto aviador é que se tenha mandado tirar os crucifixos das escolas e que se tenha aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O senhor tenente-coronel piloto aviador escreveu muito no seu delírio, mas o seu texto pode resumir-se numa única palavra: foda-se. Um longo, arrastado e estupefacto foda-se.
Os meus emigrantes são melhores que os teus
"A tudo isto é necessário juntar os fluxos emigratórios e imigratórios. Isto é, por um lado os países ocidentais vêem chegar ao seu território milhões de seres de outros continentes que estão a desfigurar as suas nações e vêem partir, por outro lado, os seus melhores cérebros, que procuram realizações pessoais em países mais avançados, ou de oportunidade."
Portanto, os seres de outros continentes vêm desfigurar as nações ocidentais. Já os nossos emigrantes partem em busca de realizações pessoais ou de oportunidades. Ora, assim de repente, o que é que diferencia facilmente os seres de outros continentes do pessoal que habita os países que eles estão a desfigurar? Caramba, será a cor da pele? Olha, tu queres ver que o senhor tenente-coronel piloto aviador afinal é mesmo racista?
Portanto, os seres de outros continentes vêm desfigurar as nações ocidentais. Já os nossos emigrantes partem em busca de realizações pessoais ou de oportunidades. Ora, assim de repente, o que é que diferencia facilmente os seres de outros continentes do pessoal que habita os países que eles estão a desfigurar? Caramba, será a cor da pele? Olha, tu queres ver que o senhor tenente-coronel piloto aviador afinal é mesmo racista?
Um pequena diferença
"A demografia tem sido escamoteada com os nascimentos de filhos de emigrantes o que não é propriamente a mesma coisa que nascerem nacionais. A propaganda que favorece e escamoteia tudo isto tomou o nome de “multiculturalismo”. Não estamos a defender ideias racistas (...)."
Não, de facto, o senhor tenente-coronel piloto aviador Brandão Ferreira não está a defender ideias racistas. A isto chama-se xenofobia.
Não, de facto, o senhor tenente-coronel piloto aviador Brandão Ferreira não está a defender ideias racistas. A isto chama-se xenofobia.
Grandes mistérios do Universo
Onde foi o Público desencantar o senhor tenente-coronel piloto aviador João José Brandão Ferreira?
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Um Presidente da República monárquico?
Talvez o único lugar para o qual um monárquico não deva candidatar-se seja o de Presidente da República. Pode fazê-lo, mas a sua consciência devia ditar-lhe que não o fizesse. Se Fernando Nobre simpatiza com o regime monárquico e, mesmo assim, decide avançar para a corrida a Belém, o mínimo que se lhe pede é que explique cabalmente o seu pensamento sobre os dois regimes e que se comprometa, desde já, com uma linha de acção tão clara quanto possível. As meias-tintas, neste caso, não são uma opção.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Portugueses vêem filmes de acção a mais
Segundo um estudo encomendado pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, a maioria dos entrevistados gostaria de ver a polícia usar a força com maior regularidade. As forças policiais são um instrumento de manutenção de ordem e segurança pública. Não são uma instância de aplicação de justiça. Para isso temos tribunais e códigos específicos. A diferença entre um filme de acção de Hollywood e o que é a actuação dentro dos limites da lei e da razoabilidade do uso da força devia ser evidente para a maior parte das pessoas e reside nos fundamentos do Estado de Direito. Mas talvez o mais espantoso desta atitude seja a confiança maniqueísta dos entrevistados. Uma boa razão para não enveredar por soluções de força e que limitam os direitos e garantias dos indivíduos é saber que quanto maior é o grau de arbitrariedade no uso da força, menor é a garantia que temos de não sermos nós as vítimas desse poder em tão má hora delegado.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Maus caminhos
O CDS quer sistemas de videovigilância e reforço policial em Torres Vedras. A proposta esbarra em critérios de eficácia e eficiência, mas isso não detém um partido que tem feito da paranóia securitária um tema permanente de campanha.
A ideia de que podemos ter sociedades sem crime, ou sem corrupção, ou sem vícios, foi e continua a ser uma das ideias mais perigosas em termos políticos. Não há, não pode haver, sociedades sem crimes. Podemos apenas ter sociedades totalitárias e sociedades sem liberdade de informação. E é só.
A ideia de que podemos ter sociedades sem crime, ou sem corrupção, ou sem vícios, foi e continua a ser uma das ideias mais perigosas em termos políticos. Não há, não pode haver, sociedades sem crimes. Podemos apenas ter sociedades totalitárias e sociedades sem liberdade de informação. E é só.
Parecendo que não
Obviamente, o casamento de pessoas do mesmo sexo não é um ataque nem prejudica de forma alguma a família. As famílias - todas - continuarão a viver as suas vidas independentemente de quem casa com quem. O “ataque à família” é apenas um slogan vazio e populista ao qual ninguém foi ainda capaz de conferir substância. Quando convidados a explicarem-se, os pretensos defensores da família caem constantemente na cartilha do "tratar de forma diferente o que é diferente", dos "apoios às famílias numerosas" e da "tradição". Sobre o que significa o "ataque à família" não foram nunca capazes de produzir um argumento, ainda que estéril. O que, parecendo que não, ajuda a perceber muita coisa.
Diz-me com quem andas
Os cartazes que ilustraram a manifestação contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo falam por si. Aquela não foi uma manifestação pelo referendo, foi uma manifestação contra a lei recentemente aprovada. Não havia ali ninguém que, no caso de vir a existir um referendo, defenda o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esse, mais do que os eufemismos e subterfúgios de retórica, é o ponto que os une. Pela Avenida da Liberdade, triste ironia toponímica, desfilaram monárquicos, católicos, conservadores, reaccionários e fascistas. Ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo não funde todos estes grupos sociais, embora os tenha unido. Mais, ninguém pode impedir pessoas e grupos de se manifestarem livremente. Mas também ninguém impede ninguém de se ir embora se não gostar das companhias. Este sábado, pessoas como Maria José Nogueira Pinto e José Ribeiro e Castro decidiram caminhar lado a lado com neo-nazis. Enquanto não se demarcarem das alarvidades a que emprestaram a cara e o nome, manterão uma nódoa iniludível na sua figura pública.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Um mau começo é apenas um mau começo
Mal se soube da candidatura de Fernando Nobre para a PR, surgiram rumores que a davam como não mais que um instrumento de vingança da ala soarista do PS contra Manuel Alegre. Os apoios já comprometidos com Alegre, sobretudo na área do BE, para além de questionarem o perigo de haver duas candidaturas a disputar o mesmo espectro eleitoral, logo criticaram a ingenuidade ou os propósitos de Fernando Nobre, reduzindo-o a um testa-de-ferro.
A ser verdade que a candidatura de Fernando Nobre tem na sua origem a ala soarista (o que ainda não ficou demonstrado - rumores são rumores), ninguém sai bem nesta fotografia. Mário Soares e os soaristas ficam mal na vingançazinha cometida. Alegre fica mal por nem sequer ser capaz de unir o partido. E Fernando Nobre, a quem se deve reconhecer a experiência e a inteligência para saber perfeitamente ao que ia numa candidatura promovida pelos soaristas, fica mal por escolher lançar-se nesta aventura com estas condicionantes.
Quanto ao resto, dizer, numa eleição de carácter pessoal, que determinada pessoa não devia avançar é completamente absurdo. Ainda mais absurdo se torna se essa afirmação vier de apoiantes de Alegre, sabendo o que aconteceu há cinco anos. Estas são as regras do jogo e ninguém disse que eram fáceis. Em segundo lugar, nem sequer é líquido que a candidatura de Nobre arrume com as hipóteses da esquerda. Não é só ao campo eleitoral de Alegre que Fernando Nobre pode ir buscar votos. E basta que uma destas candidaturas desista e mobilize os seus apoiantes para a outra para que os problemas de Cavaco ganhem toda uma outra dimensão.
A ser verdade que a candidatura de Fernando Nobre tem na sua origem a ala soarista (o que ainda não ficou demonstrado - rumores são rumores), ninguém sai bem nesta fotografia. Mário Soares e os soaristas ficam mal na vingançazinha cometida. Alegre fica mal por nem sequer ser capaz de unir o partido. E Fernando Nobre, a quem se deve reconhecer a experiência e a inteligência para saber perfeitamente ao que ia numa candidatura promovida pelos soaristas, fica mal por escolher lançar-se nesta aventura com estas condicionantes.
Quanto ao resto, dizer, numa eleição de carácter pessoal, que determinada pessoa não devia avançar é completamente absurdo. Ainda mais absurdo se torna se essa afirmação vier de apoiantes de Alegre, sabendo o que aconteceu há cinco anos. Estas são as regras do jogo e ninguém disse que eram fáceis. Em segundo lugar, nem sequer é líquido que a candidatura de Nobre arrume com as hipóteses da esquerda. Não é só ao campo eleitoral de Alegre que Fernando Nobre pode ir buscar votos. E basta que uma destas candidaturas desista e mobilize os seus apoiantes para a outra para que os problemas de Cavaco ganhem toda uma outra dimensão.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Downhill
Portugal está transformado num país de desconfiados. Por princípio, desconfia-se. E parecem ser ainda poucos os que percebem o salto qualitativo descendente, em termos civilizacionais, que esta forma de estar prenuncia.
Campo minado
A comunicação social é o principal mediador entre o indivíduo e a realidade social e política que o rodeia. O país enfrenta numerosos problemas e um dos maiores é o de, para se inteirar dos numerosos problemas que enfrenta, depender de uma corporação minada por incompetência em doses catastróficas.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
O falso moralista
Um político a faltar à sua palavra não constitui propriamente uma novidade. Os problemas para Paulo Rangel, de um ponto de vista muito pragmático, não deveriam começar aí. A maior ameaça que Rangel enfrenta não é, então, a de estar disponível para a liderança do PSD, depois de ter "peremptoriamente" colocado de parte essa hipótese, mas a de ter ocupado uma boa parte da sua campanha para as europeias, no Verão do ano passado, a exigir a outros um compromisso que ele próprio quebrou ao fim de pouco mais de seis meses. O eleitorado suporta melhor os mentirosos do que os falsos moralistas e o PSD tem o dever de perceber isto. Se não o fizer antes, os eleitores certamente não terão pruridos em explicar-lho nas urnas.
Do regresso
Não se deve regressar aos locais onde se foi feliz, dizem. Enganam-se. Deve-se sempre regressar aos locais onde se foi feliz.
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