segunda-feira, 3 de maio de 2010

Para começo de discussão

Dois posts absolutamente imperdíveis sobre o 1º de Maio em Berlim:

Notícias ao fim da tarde

Ontem em Berlim

Às perguntas que a Helena já levantou, eu juntaria mais duas. Deve a democracia acolher no seu seio as mais reaccionárias e violentas forças anti-democráticas? Devem a cidade de Berlim, a Alemanha e a Europa assistir impávidas enquanto o neo-nazismo se passeia pelas suas ruas?

4 comentários:

Helena Araújo disse...

Obrigada pela publicidade, Miguel.

Quanto às tuas perguntas, acrescento mais uma:
- Não haverá uma espécie de tolerância maior em relação à extrema-esquerda? Pondo os nomes aos (meus) bois: o que vale para estes NPD e quejandos devia também valer para os adeptos da ditadura do proletariado.

Uma tentativa de resposta: esta extrema-direita alemã é suficientemente esperta para se manter aquém do que é constitucionalmente proibido. Eles funcionam nas entrelinhas. Não os vês a fazer discursos como os que faz o Arroja (para usar um exemplo que ambos conhecemos), mas algo bastante mais subtil: louvar os "valores nacionais", chorar as vítimas de Dresden, lembrar o esforço libertador da Reconquista...

No dia 1 de Maio não foi o neo-nazismo que se passeou pelas ruas (dizem eles) mas pessoas de tendência conservadora e defensora dos valores da Pátria. Por outro lado, no mesmo dia houve violentos confrontos na rua, entre polícias e pessoal que se diz de esquerda - mas não será bem a minha esquerda.
Pessoalmente: entre os dois tipos de extremo, venha o diabo e escolha.

Depois há a questão de como combater isto: proibir ou educar e integrar?
Parece-me melhor deixá-los dar a cara, dar-se ao complicadíssimo trabalho de retorquir, e paralelamente dar aos jovens perspectivas de - vou dizer isto da pior forma possível - se arrumarem dentro da sociedade.

Miguel Silva disse...

Falta-me tempo para compor a reflexão que o tema merece. Custa-me abrir o precedente da proibição, que pode levar a interpretações abusivas. Mas, por outro lado, o nazismo já nós sabemos onde leva. Não se trata exactamente de uma proibição a prioi. Sobretudo, penso que não se deve menosprezar os radicalismos nem mostrar tibieza. Fraquejar nos momentos mais importantes é deixar a janela aberta por onde há-de entrar o vendaval que varrerá qualquer resquício de estado de direito democrático.

Helena Araújo disse...

Sim, a Democracia tem o direito e a obrigação de se defender, e não pode ser ingénua.
O problema é que esta gente de extrema-direita tem sido muito hábil a encontrar os meandros do sistema por onde pode penetrar.
Porque é que os políticos não foram capazes de proibir esta manifestação? Gostava de saber mais sobre o contexto democrático que levou a esta situação.

Helena Araújo disse...

Informação importante: a Rita Dantas, que participou na manisfestação dos contra, e viu a Polícia a actuar sobre os "caóticos" de extrema-esquerda, tem andado a falar disto:
http://infernocheio.blogspot.com/2010/05/da-democracia-e-dos-seus-extremos.html

http://infernocheio.blogspot.com/2010/05/trabalhadores-de-todo-o-mundo-olhai.html

http://infernocheio.blogspot.com/2010/05/trabalhadores-de-todo-o-mundo-olhai_04.html