sexta-feira, 14 de maio de 2010

O alvo

Existe uma grande diferença entre reconhecer que o Estado gasta muito dinheiro com as remunerações dos seus funcionários e, dessa constatação, concluir que o Estado gasta demasiado dinheiro com remunerações. Portugal não é um país de salários elevados para o trabalhador médio. Aliás, onde o país se destaca com remunerações acima da média europeia é nos altos cargos dirigentes e nos altos cargos de gestão. É verdade que o vencimento médio dos funcionários públicos é superior ao vencimento médio nacional, mas é preciso ter em conta que o salário médio nacional faz corar de vergonha qualquer cidadão da Europa central. Para se aceitar que o Estado gasta demasiado dinheiro com remunerações torna-se necessário que fique demonstrado que paga demasiado, ou que paga a demasiados, e que poderia fazer o mesmo, com a mesma eficácia, por menos dinheiro. Lamentavelmente para os arautos do corte a direito na função pública, um funcionalismo público bem pago e qualificado sempre foi um dos sinais de um Estado forte e desenvolvido. Ou, vistas bem as coisas, talvez seja precisamente esse o alvo a atacar.

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