terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O medo ao serviço da política

O populismo tem destas coisas. Mal surge uma oportunidade, encarrega-se de cavalgá-la a toda a sela, sem olhar a nada. Os assassinatos envolvendo pessoas ligadas a estabelecimentos nocturnos são a mais recente oportunidade. O PSD de Luís Filipe Menezes entreviu nesses crimes uma forma de atacar o governo e assacou-lhe responsabilidades. Se algum dia Menezes for governo – e, desde que Santana Lopes ocupou São Bento, qualquer um lá pode chegar –, perante casos semelhantes, não hesitará um segundo em deixar a responsabilidade dos crimes unicamente com quem os pratica. Aliás, a direita populista do PSD e do PP treme de indignação de cada vez que alguém tenta explicar que a criminalidade tem uma envolvente social. Para eles, a criminalidade é um conceito circular, que se explica e se esgota em si mesmo.
A solução, diz o PSD, passa por mais policiamento. Talvez um polícia à porta de cada discoteca, de cada bar e de cada casa de strip.
Tanto no diagnóstico como na solução avançada se percebe a falta de outra perspectiva que não seja a de capitalizar a insegurança como trunfo político. Os assassinatos dos últimos meses estão ligados a uma criminalidade altamente organizada. Exactamente o tipo de criminalidade que se combate menos com policiamento de proximidade e mais com investimento na investigação e no combate à corrupção e ao branqueamento de capitais. Tudo coisas bastante mais difíceis de concretizar e de atrair atenção imediata.

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