quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Da desconfiança

Medina Carreira, em entrevista à SICN, define o poder como um "lugar para tratar da vida e dos negócios (...) para empregar os primos, os tios, para fazer negócios de auto-estradas e outras coisas no genero." Que há quem aproveite o exercício do poder para seu ganho pessoal não merece grande contestação. Se não houvesse evidências, bastariam as leis da estatística para não nos permitir afastar peremptoriamente essa possibilidade. Mas que se reduza o exercício do poder ao nepotismo e ao amiguismo, que se imponha a desconfiança generalizada sobre todos os agentes do sistema político, não pode deixar de ser considerado como outra coisa que não uma afirmação que deve mais à desilusão do que à argumentação racional. Este é o tipo de insensatez e preconceito que se pode esperar ouvir pelos cafés e praças do país. Mas das elites responsáveis espera-se outra coisa. Espera-se, por exemplo, que compreendam que a promoção da desconfiança generalizada no sistema e nos seus agentes apenas contribui para diminuir a qualidade da democracia que temos.

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