quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O silêncio a favor da demagogia

O PSD de Setúbal decidiu investir numa campanha de outdoors à qual não falta nenhum dos pergaminhos da pior demagogia política. Nestes momentos, o silêncio de Ferreira Leite, pensarão os estrategas sociais-democratas, cai como uma luva. O silêncio em política tem esta extraordinária capacidade de camuflagem. Ao escolher não comentar, o actor político permite que a sua putativa opinião possa ser interpretada à medida das conveniências de cada um. Tanto pode ser de apoio como de recriminação, bastando que se lhe imprima o spin certo para as audiências certas. O silêncio, camuflando intenções e compromissos, não só esconde a opinião, mas, muito mais importante, impede a responsabilização. A política sem opiniões, sem compromissos e sem responsabilização deixa de proporcionar a possibilidade de controlo e acesso à informação a que os eleitores têm direito. A estratégia do silêncio é uma estratégia de vistas curtas, oportunista e desprestigiante. Quem não percebe o mal que esta opção faz ao exercício da democracia provavelmente não percebe o próprio exercício da democracia.

1 comentário:

João Soares disse...

Caro Miguel Silva
Parecendo que não, Portugal viveu um século de fascismo. Ainda temos que amadurecer mais um pouco. Há muita inércia e conservadorismo. Que a confusão de alguns conduza a maior abertura de espírito e sadio debate de projectos e sua avaliação.
Um abraço